Foi este domingo, 2 de fevereiro, que Catarina Miranda publicou um longo e emotivo texto no Instagram. A radialista e influenciadora digital desabafou nas redes sociais que tinha sofrido um aborto espontâneo há duas semanas.

“Pensei muito se queria partilhar isto e o facto de ter escrito quer dizer que sim. A vida não é perfeita. Não é. E se alguém vos faz crer que sim, mente bem ou então só partilha o lado bom. Que é legítimo, atenção. Mas a vida real não é assim”, começou por escrever.

À MAGG explicou que o processo entre descobrir a gravidez e o aborto espontâneo ocorreu em pouco mais de uma semana. “Eu suspeitei que estaria grávida. Fui fazer uma análise ao sangue e deu positivo. Depois fui ao hospital e marquei uma ecografia para saber exatamente de quantas semanas estava e se estava tudo bem”, relembrou.

Na ecografia que realizou, o médico achou que a vesícula vitelina, “ainda não se pode chamar feto porque ainda não está totalmente formado”, conta a influenciadora digital à MAGG, estava pequena para o número de semanas de gravidez. Por isso, foi marcada uma nova ecografia para se poder comparar o tamanho.

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“Logo na sexta-feira comecei a sentir dores fortíssimas, dores lombares. Dores assim um bocadinho esquisitas”, explicou. “Fui aguardando. No sábado sangrei um bocadinho e foi neste momento que não me senti nada bem”. Por isso, nesse dia manteve-se em repouso, mas as dores não passavam – e pelo contrário, ficavam mais fortes.

No dia seguinte, Catarina Miranda foi até às urgências do hospital. “A médica na altura disse que a vesícula continuava lá, mas uma análise ao sangue revelou que os valores já tinham baixado e que era um aborto espontâneo”, recordou. “A partir daí avisou-me que ia sangrar mais e que o corpo ia agir sozinho e que ia expelir tudo o que havia para expelir”.

No seu desabafo nas redes sociais, explicou que se sentiu desorientada argumentando que a médica tinha descomplicado a situação. À MAGG explicou que este “descomplicar” deve acontecer porque “infelizmente é algo que acontece com muita frequência”.

“Eu fui extremamente bem atendida nas urgências do hospital e a médica aquilo que fez foi falar num tom de quem possivelmente estará habituado a estes casos. Na altura fiquei a sentir-me desorientada. Nem era pela frieza, porque a médica não era de todo fria, nem pela frontalidade, foi o descomplicar, a maneira fácil com que falou. Acho que me tocou um bocadinho. Mas eu percebo”, disse.

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Agora, e depois de ter partilhado a situação, a influenciadora digital percebeu que os abortos espontâneos são mais comuns do que se pensa. “Eu posso dizer que já recebi mais de mil mensagens. As pessoas acham que tem que ver com a idade, mas não é. Chegaram-me história de pessoas com 20 anos, outras que já tiveram cinco, seis, sete abortos espontâneos. Infelizmente é algo como recorrente. E eu quando agora digo que percebo é porque possivelmente aquela médica já viu casos muitos piores que o meu. Chegaram-me mensagens de pessoas que estavam de muito mais tempo que eu”.

Foi também no Instagram que explicou não ter partilhado esta mensagem à procura de consolo. “Tal como escrevi não procuro consolo. Já tive consolo, e tenho felizmente, por parte da minha família, do meu marido. Falei depois de perceber que isto acontece com tanta frequência. Acho que ainda há muita vergonha”, esclareceu. “A avaliar por este número de mensagens, pelos vistos fiz bem em partilhar, porque há muita gente que está a passar por isto. Acho que fiz bem em falar mais abertamente e sem vergonhas”.

“Só partilhei quando achava que estava preparada para falar, e também na eventualidade de receber mensagens com casos parecidos, conseguir reagir. Não estava à espera. Não tenho palavras para agradecer tanto carinho e apoio que tenho recebido de todo o lado”.