Arranca esta segunda-feira, 19 de abril, o inquérito dos Censos 2021, que este ano vai funcionar num formato diferente devido à pandemia de COVID-19. Os cidadãos portugueses irão responder via online, através de um código que foi enviado por carta para cada habitação desde 5 de abril. Por esta altura, já deve ter consigo os códigos e as palavras-passe ou estarão quase a chegar para poder responder às questões do estudo do Instituto Nacional de Estatística (INE) com prazo até 3 de maio.

E porque é que é importante não falhar este compromisso de responder ao Recenseamento da População e da Habitação (Censos) de 2021 ou qualquer outro? Primeiro, porque é "a maior operação estatística do País", realizado em Portugal desde 1864 após recomendações do Congresso Internacional de Estatística de Bruxelas, e, em segundo lugar, porque é a única forma (e mais complexa) de ter acesso a todos os dados sobre população residente em Portugal, as famílias e o parque habitacional.

Este processo é particularmente importante para perceber as características demográficas, socioeconómicas e habitacionais de pequenas áreas geográficas ou subpopulações que noutras ocasiões não são alvo de estudos.

Na prática, de que me serve saber quantos somos e como estamos distribuídos?

Como qualquer outro inquérito feito de cinco em cinco anos ou de dez em dez, o objetivo de fazer um "recenseamento da população e da habitação é a quantificação rigorosa e a caraterização dos edifícios, alojamentos, agregados domésticos e indivíduos, preservando o rigor estatístico mesmo nos níveis geográficos detalhados", de acordo com o Programa de Ação dos Censos 2021.

Pode parecer que não tem qualquer importância para o seu dia-a-dia, mas é através destas estatísticas do INE que é possível avaliar "o número de escolas, creches, lares de idosos que são necessários; onde se devem construir as vias de comunicação, os hospitais, etc.; como distribuir os fundos pelas Câmaras Municipais", esclarece o portal do INE para os Censos 2021.

Os Censos são realizados em simultâneo por todo o País — este ano de 19 de abril a 3 de maio — mas o inquérito é uma estratégia de análise de dados aplicada pelos países da Comissão Económica das Nações Unidas para a Europa (UNECE).

Quais as mudanças nos Censos 2021?

Até agora, os questionários dos Censos, no método tradicional, têm sido enviados por correio para autopreenchimento, têm sido feitos por entrevista direta de recenseadores ou ainda por telefone ou internet. Este ano, o processo online foi reforçado em linha com um Plano de Contingência devido à COVID-19 e poderá ser um método até mais acessível, uma vez que bastam alguns cliques para preencher o estudo. Mas esta não é a única grande mudança.

"O processo de modernização dos Censos 2021 passa também por alterações ao nível do conteúdo a observar. Assim, como resultado do processo formal desta análise, para os Censos 2021 foram introduzidas três novas variáveis e excluídas outras observadas no passado" dada a evolução da população que se tem verificado nas estatísticas desde 1860, pode ler-se no Programa de Ação dos Censos 2021.

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Assim, entre as múltiplas variáveis já existentes relativas às características dos edifícios, alojamento, agregado doméstico e os indivíduos, este ano encontram-se três novas: anos de residência no alojamento, apoio ao arrendamento e motivo de imigração para Portugal.

Como vão funcionar os Censos 2021?

Mal receba os códigos e palavras-passe em casa através de uma carta enviada pelo INE, poderá avançar para o site dos Censos 2021, no qual deve introduzir os dados recebidos. De seguida, só tem de responder às perguntas e quando terminar selecione “entregar” e o processo está (quase concluído). Isto porque após submeter as questões, receberá um comprovativo que deve guardar.

Caso não tenha como responder online, deverá ligar para a linha de apoio (21 054 20 21) para responder por telefone, pedir a ajuda de um familiar ou amigo ou da Junta de Freguesia, que disponibilizará o e-balcão. Outra opção é esperar pelo contacto de um recenseador — sendo que 11 mil andarão no terreno a partir de 31 de maio — que procederá de acordo com o Plano de Contingência sobre a COVID-19. Os 11 mil recenseadores em terreno estão entre um total de 15 mil pessoas vão estar envolvidas na procura e tratamento dos dados do Censos 2021.

Quanto a pessoas sem-abrigo, o Censos 2021 será feito presencialmente, em colaboração com a Segurança Social e de outras organizações que mantêm contacto com esta camada da população.