Constança Braddell, que em março deste ano partilhou nas redes sociais que precisava de um medicamento ainda não comparticipado em Portugal para viver, esteve à conversa com Júlia Pinheiro no programa das tardes da SIC esta segunda-feira, 26 de abril. A jovem de 24 anos revelou tudo o que mudou na sua vida desde o dia em que decidiu falar sobre o assunto.
"Nos últimos meses, só perdia peso. Isso tem a ver com a doença e com a degradação das sucessivas infeções no corpo", começou por contar a jovem à apresentadora. Ao longo da vida, nunca revelou aos amigos ou colegas de escola que sofria da doença. Ainda assim, considera que teve "sorte" nos momentos de maior aflição.
Mas tudo piorou no início deste ano, em que os sintomas se agravaram. "Os meus pulmões pareciam estar mais pesados e tinha dificuldade em respirar. Nem me olhava ao espelho, pesava 42 quilos". É que a fibrose quística, para além de afetar os pulmões, também traz vários problemas nutricionais.
"Não quero morrer". Apelo na internet deu qualidade de vida a Constança
"Coloquei sempre a hipótese do transplante de parte, lutei para conseguir o medicamento. Mas o Kaftrio era dos Estados Unidos e nem sequer existia na Europa, portanto a médica disse que não estava disponível para mim", acrescentou. A jovem de 24 anos pensou que poderia morrer nesta altura em que já não conseguia dormir ou descansar durante a noite.
Apesar de não gostar de se expor nas redes sociais, resolveu partilhar a sua história com o mote "Não quero morrer", depois de várias tentativas de contacto com entidades políticas e institucionais para conseguir adquirir o medicamento. Foi então que acabou por ir parar ao hospital e o apelo que fez na internet ganhou outras proporções.
Em menos de uma semana, o INFARMED aprovou o Kaftrio e Constança teve acesso ao medicamento que terá de tomar durante toda a vida. "Pude deixar de usar o ventilador, algo que era detestável. Agora, dou valor a outras coisas e sinto-me muito melhor", disse.
Constança sofre de fibrose quística desde os primeiros meses de vida
"Tinha três meses quando fui diagnosticada", afirmou Constança, explicando que só aos 8 anos é que começou a perceber que sofria da doença, que lhe causava dificuldades respiratórias, febre e expetoração.
Ao longo da sua adolescência, a jovem pensou que ia ter uma esperança de vida mais curta do que outras pessoas. "O meu irmão dizia-me que ia morrer cedo e não ia chegar à idade adulta. Hoje em dia, já percebo que é possível viver com a doença até aos 50 anos ou um pouco mais".