"Eu Acolho". É com esta mensagem que a Amnistia Internacional Portugal quer chamar a atenção para aquela que é, segundo as Nações Unidas, a mais grave crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial.
Numa campanha nunca antes feita em Portugal, a organização marca o 20 de junho, Dia Mundial do Refugiado, com a projeção da frase "Eu Acolho" nas colunas de 80 metros do pórtico do Santuário do Cristo Rei. A primeira projeção aconteceu a 19 de junho, momento no qual estiveram presentes alguns refugiados que escolheram Portugal para viver. A noite foi de partilha "e de homenagem à resistência e coragem de todas as pessoas que, todos os dias, e em todo o mundo, tomam a difícil decisão de abandonar o seu país, devido a guerras, perseguição, calamidades ou miséria, em busca de uma vida mais segura e digna", refere a Amnistia, em comunicado. Todas as noites, até dia 26, a frase vai ser projetada entre as 21h30 e a uma da manhã.
Nunca o Cristo Rei foi usado como monumento de projeção, o que faz desta campanha de sensibilização pública algo de inédito.
O Dia Mundial do Refugiado é assinalado este ano num momento em que a comunidade internacional está em negociações para tentar formalizar, até finais de 2018, um pacto global para os refugiados e para uma migração segura, regular e ordenada.
O Global Compact for Migration, que deu os primeiros passos em setembro de 2016, sofreu um revés quando, em dezembro, o presidente norte-americano, Donald Trump, decidiu retirar os Estados Unidos deste pacto da ONU, alegando que o acordo é “incompatível” com a política da atual administração norte-americana. Mesmo assim, as Nações Unidas mantêm a meta de adotar o pacto global durante uma conferência intergovernamental a realizar ainda este ano.
A Amnistia lembra ainda que de um total de 193, apenas 10 países acolhem a vasta maioria dos refugiados, sendo que Portugal não faz parte deste top. De qualquer forma, vivem atualmente em Portugal cerca de 1500 refugiados sírios e ainda este ano são esperados mais 1010.
A Amnistia Portugal juntou-se a um movimento internacional e criou o manifesto "Eu Acolho", que será entregue ao Governo "para o relembrar das suas obrigações legais, morais e humanitárias", explicam. Conta já com mais de seis mil assinaturas.