A evolução do número de casos de infeção em Portugal está a conduzir algumas unidades de cuidados intensivos ao limite. O alerta foi dado esta terça-feira, 3 de novembro, por João Gouveia, presidente da Comissão de Acompanhamento da Resposta Nacional em Medicina Intensiva para a COVID-19, à rádio do jornal "Observador". Face à conjuntura atual, o especialista prevê ser necessário passar o País inteiro ao nível seguinte do plano de contingência.

"Estamos na linha vermelha, quase a passá-la. Em alguns casos, provavelmente já a passámos. Em algumas zonas, nomeadamente na Administração Regional de Saúde Norte, estamos com taxas de ocupação de medicina intensiva dedicada à COVID perto dos 100% e por volta dos 80%, 90%, em patologia não COVID", começa por explicar em declarações à mesma rádio.

Isto é motivo mais do que suficiente para que, "neste momento", João Gouveia adivinhe "que vai ser necessário passar ao nível seguinte de contingência, com suspensão ou adiamento de alguma atividade não urgente e não essencial".

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E continua: "Temos mais alguns recurso humanos, mas são limitados, tal como o espaço. Para conseguirmos dar resposta a todos os doentes, COVID e não COVID, há algumas situações que têm de ser diferidas no tempo, porque temos de ir buscar recursos, sobretudo recursos humanos, a algum lado."

No que toca à aplicação de medidas que visem servir de prevenção à pandemia, o responsável comentou, "a título pessoal", a importância da obrigação do teletrabalho sempre que este for compatível com as atividades desempenhadas; o aumento do número de transportes públicos disponíveis em circulação para evitar situações de ajuntamentos; e um maior cuidado nas atividades de lazer já que, considera, é nelas que se regista uma tendência para se ser menos cauteloso face à presença do vírus em comunidade.

Espera-se que, nos próximos dias, Portugal regresse a um novo estado de emergência depois de o primeiro-ministro António Costa o ter defendido numa audiência com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Este servirá para justificar, por exemplo, limitações à circulação livre, à medição de temperatura corporal nos locais de trabalho e em locais públicos, ou até mesmo ao reforço dos meios de saúde recorrendo ao setor privado.

Sobre a implementação deste nível de alerta, e de exceção, António Costa garante que "será mais limitado no seu objetivo", mas ressalva que, apesar disso, deverá durar mais do que quinze dias.