As férias de verão podem ser um escape de longos meses de trabalho, mas também pode ser uma altura muito perigosa, devido a afogamentos, crianças perdidas ou assaltos às habitações. A MAGG falou com o comissário Artur Serafim, chefe do núcleo de relações públicas da Polícia de Segurança Pública (PSP) de Lisboa, sobre as medidas de precaução que devem ser adotadas durante as férias.

Bebé de 1 ano e criança de 3 morrem após terem sido deixadas pelos pais dentro dos carros, ao sol
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O programa da PSP “Estou Aqui” para crianças dos 2 aos 10 anos ou para crianças mais novas que já saibam andar tem como objetivo “permitir o reencontro de uma criança ou jovem perdida com os seus familiares, através da utilização da nossa pulseira”. Caso um adulto encontre uma criança perdida, “deve ligar para o 112, informar onde se encontra e o código que consta na pulseira”.

Com esta informação, a PSP consulta a base de dados e, com o código alfanumérico da pulseira, consegue aceder aos contatos dos familiares, como os nomes, o contacto e a morada, para “contactar de imediato a família e proceder ao seu reencontro”.

O programa “Estou Aqui” para adultos é “exatamente a mesma coisa”, também com uma pulseira com um código. Este dirige-se a pessoas que, “em função da idade ou da patologia, possam ficar desorientados ou inconscientes, ainda que momentaneamente, na via pública”. “Não é necessariamente só para idosos, mas para pessoas que sofram de algum tipo de patologia e não consigam andar sozinhas na rua e que se possam desorientar”, explica o responsável da Polícia de Segurança Pública.

Este programa abrange todo o País e foi desenvolvido como uma forma de precaução. Além disso, Artur Serafim garante que a PSP já teve várias situações “em que a pulseira foi bastante útil, tanto para crianças como para adultos”. Esta medida é adotada por várias escolas, que “pedem as pulseiras para aqueles programas em que vão com as crianças à praia”. “É uma forma de se precaverem caso haja algum tipo de incidente desta natureza. [A pulseira] tem os contactos da escola e dos pais”, contou.

A PSP lançou o programa “Estou Aqui” para crianças em 2012 e para adultos, em 2015, e as novas pulseiras chegaram este ano, após a renovação das mesmas ter sido adiada durante a pandemia COVID-19. Quem quiser aderir deve pedir a sua pulseira no site e partilhar os seus dados. Mas atenção, porque esta tem de ser renovada todos os anos.

A PSP Lisboa lançou este ano uma campanha chamada “Férias em Segurança” e, na segunda publicação que fizeram sobre a mesma no Instagram, revelam os pontos que vão abordar de forma aprofundada ao longo do tempo, nomeadamente o programa “Estou Aqui”, animais de companhia, fotografias nas redes sociais ou assaltos.

Quanto às crianças, a PSP recomenda “hidratá-las frequentemente”, vigiá-las permanentemente “quando estão perto de água, cumprir e respeitar a sinalização das praias” e utilizar bóias e braçadeiras “para diminuir a possibilidade de afogamento”. “Essencialmente devem manter uma vigilância apertada às crianças. Numa fração de segundos a criança desaparece do nosso alcance, seja na praia ou em espaços com muita gente, e depois desenrola-se todo um processo para a procurar”, alertou.

Artur Serafim

Relativamente aos animais de estimação, deve prezar também a segurança destes. Não deve abandonar os patudos se não tiver com quem os deixar quando vai de férias. “Deve deixar o animal ao cuidado de familiares, amigos ou vizinhos, ou procurar serviços especializados durante o período em que vai estar ausente”, afirma o chefe do núcleo de relações públicas da Polícia de Segurança Pública (PSP) de Lisboa. Caso leve o animal consigo, deve transportá-lo “de acordo com as regras de segurança”.

Quanto à habitação, “a chave direta é o programa que consiste numa estratégia de reforço de policiamento junto das zonas residenciais críticas”, de forma a prevenir eventuais crimes nesta fase do ano. Se se for ausentar para ir de férias, “pode requerer uma maior vigilância da sua habitação”. Esta vigilância baseia-se em “visitas praticamente diárias” às habitações.

Além disso, a PSP aconselha também a que “alguém se desloque à residência para abrir e fechar as cortinas, não divulgar a estranhos que vai de férias, verificar se as portas e as janelas ficaram bem fechadas, não deixar acumular a correspondência”, pedindo a alguém para a ir recolher frequentemente, e, “se possível, não sair de casa em horas de mais movimento”, para que as pessoas não se apercebam que a casa vai ficar vazia durante algum tempo.

A deslocação para as férias, a viagem, também tem alguns aspetos a ter em conta, nomeadamente “respeitar o código da estrada”, optar pelas horas de menor calor, “verificar todas as condições de segurança do carro, como os travões e os pneus” e “nunca deixar as crianças e os animais dentro do carro”.

As pessoas tendem a publicar fotografias nas redes sociais quando vão de férias. A PSP recomenda a que se “vá de férias primeiro e publique depois”, dado que publicar enquanto está de férias “deixa uma janela aberta” e informa que a sua casa está vazia. Caso a sua casa for assaltada, deve “ligar à polícia, não tocar em nada, registar todos os bens que foram roubados ou danificados, apresentar queixa” e entregar um documento comprovativo à sua seguradora.

Além disso, Artur Serafim alerta para o abandono dos idosos nesta fase do ano. “Há pessoas que têm os pais aos seus cuidados e nestas alturas não querem saber deles para irem de férias”. Para quem não pretende levar os seus pais para as férias, deve colocá-los em “instituições legalmente registadas para o efeito”.