Depois de Maria Malveiro, a jovem condenada a 25 anos de prisão pelo homicídio de um jovem de 21, no Algarve, ter sido encontrada sem vida esta quarta-feira, 29 de dezembro, no Estabelecimento Prisional de Tires, em Cascais, sabe-se que a defesa quer atribuir responsabilidades ao Estado, que terá ignorado "os sinais". A jovem terá sido encontrada num contexto de aparente enforcamento, escreve o jornal "Expresso".
"Obviamente que tencionamos responsabilizar o Estado pelo que aconteceu, ou alguém mais em concreto", diz Miguel Santos Pereira, o advogado responsável pela defesa de Maria Malveiro, à mesma publicação. Segundo o próprio, "havia indícios e sinais" e "foram feitos os avisos". "Mas, infelizmente, o sistema prisional português ainda funciona como um depósito. As pessoas que estão a cumprir pena, só porque a estão a cumprir, não perdem o direito à dignidade e ao devido acompanhamento médico", diz.
Nas mesmas declarações, Miguel Santos Pereira explica que Maria Malveiro terá tentado tirar a própria vida ainda em janeiro de 2021. É isso que, nas palavras da defesa, permite considerar que a mulher, condenada a 25 anos de prisão, estava "emocionalmente desequilibrada".
No total, terão sido feitos três pedidos para que Maria Malveiro mudasse de prisão para uma mais próxima da sua cidade, Portimão, e onde poderia ter um contacto mais próximo com a mãe. A autorização, no entanto, nunca chegou, diz a defesa.
"Ela estava num crescente estado de ansiedade e desestabilização. O que parece é que não estavam atentos aos sinais. Esta desatenção ainda acontece, mas não devia acontecer", sublinha Miguel Santos Pereira ao mesmo jornal. A autópsia de Maria Malveiro só deverá acontecer para a semana. Nesta fase, desconhece-se se a família quererá prosseguir com o caso, mas mesmo que isso não aconteça, a defesa pretende "apresentar queixa contra o Estado", por acreditar tratar-se de um caso de negligência.
Maria Malveiro foi condenada a 25 anos de prisão por ter tirado a vida, e mutilado, Diogo Gonçalves, 21 anos, em 2020. Maria teve ajuda da namorada, Mariana Fonseca, que foi absolvida, e juntas espalharam partes do corpo do jovem em vários locais do Algarve.
Diogo terá sido atraído para casa de uma das raparigas a 18 de março de 2020, onde ficou sequestrado durante dois ou três dias. As jovens foram detidas pela PJ a 2 de abril e foram acusadas pelo Ministério Público dos crimes de homicídio qualificado, profanação de cadáver, dois crimes de acessos ilegítimo, um de burla informática, roubo simples e uso de veículo.