O mundo nunca tinha assistido a uma Guerra Mundial. Em 1904 o Sport Lisboa e Benfica acabava de ser fundado, o congresso brasileiro aprovava finalmente a Lei da Vacina Obrigatória e nascia Salvador Dalí.

Portugal ainda era uma monarquia constitucional, inaugurava-se o Salão Ideal, a primeira sala de cinema de Lisboa (hoje Cinema Ideal) e ainda faltavam sete anos para ser decretado o descanso semanal obrigatório ao domingo.

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Há 114 anos, a Europa estava muito diferente. As carroças puxadas a cavalo ainda eram o principal meio de transporte, os patos e galinhas circulavam livremente pelo centro da cidade e as mulheres lavavam a roupa no mar. As máquinas agrícolas eram completamente arcaicas comparadas com o que existe hoje, e os cães eram utilizados para puxar carrinhos.

Foi no início dos anos 90 que o entusiasta de fotografia Bill Nelson descobriu estes negativos fascinantes da Europa. As imagens, percebeu mais tarde, foram tiradas em 1904. Na altura, sem saber exatamente o que tinha entre mãos, decidiu comprá-las porque viu a imagem de um moinho de vento.

A película parecia ser de nitrocelulose, que é altamente inflamável, por isso optei por armazenar os negativos no frigorífico".

"O pacote era despretensioso, mas também era muito barato", contou ao MailOnline Travel. "Peguei num dos negativos e pude ver que era a foto de um moinho de vento. Fiquei suficientemente intrigado e comprei".

Só que então não tinha o equipamento necessário para ver as imagens. "A película parecia ser de nitrocelulose, que é altamente inflamável, por isso optei por armazenar os negativos no frigorífico. Longe da vista, longe do coração, como se costuma dizer, por isso foi só mais tarde, na década de 90, é que consegui ter uma visão completa das fotografias".

Bill Nelson conseguiu fazer o scan em alta resolução dos 240 ou mais negativos que tinha comprado. As imagens foram partilhadas agora, uma vez que ele gostaria de descobrir finalmente a identidade do fotógrafo.

Os negativos foram comprados em Minneapolis no início dos anos 90

"Devido à qualidade das fotos e natureza das mesmas, desconfio que, se a identidade do fotógrafo fosse conhecida, ele ou ela seria alguém que poderia ser pesquisado, e talvez até tivesse uma reputação estabelecida".

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Além da qualidade das fotografias no que diz respeito à luz, exposição e enquadramento, as imagens mostram que ele deverá ter feito esta viagem com uma quantidade considerável de equipamentos. Um turista dito "normal" não o faria.

"É evidente que não era um mero amador (...). Passei as últimas duas décadas a tentar descobrir quem tirou essas imagens". Até agora, porém, ainda não obteve a sua resposta.