O Tribunal da Relação de Évora validou o despedimento com justa causa do diretor de uma loja da cadeia de supermercados Continente. A decisão está relacionada com um episódio de assédio sexual no local de trabalho. Como relata o "JN", a 12 de janeiro de 2023, uma funcionária estava a lavar loiça na cozinha do espaço e, no processo, salpicou de forma não intencional as calças do diretor. Este fingiu estar zangado mas riu-se e, de seguida, deu uma palmada no rabo da colaboradora, apalpou-a e disse ainda "coisa boa".

A funcionária não reagiu e, mais tarde, relatou o episódio à chefia. No dia seguinte, foi instaurado um processo disciplinar ao homem e uma suspensão preventiva. Depois, o visado foi despedido e avançou para os tribunais para impugnar esta decisão, alegando que a funcionária tinha inventado a história e que, mesmo que tivesse cometido tais actos, estes não justificariam o despedimento.

Pediu ainda para ser reintegrado na empresa ou, em alternativa, indemnizado. Num tribunal de primeira instância, o pedido feito pelo diretor do supermercado não foi aceite e, depois, no recurso, o Tribunal da Relação de Évora manteve a decisão. No acórdão, os juízes desembargadores João Nunes, Paula do Paço e Emília Costa justificam que o posto ocupado pelo homem exigia que desse o exemplo e que teve um "comportamento humilhante, vexatório e atentatório da dignidade [da colaboradora], violando de forma grosseira os seus deveres de urbanidade e probidade, e levando a que aquela se sentisse sexualmente constrangida”.