A noite de 24 de dezembro é por muitos preparada dias antes — seja no que diz respeito à compra de presentes e do abastecimento da casa com tudo o que é típico, como o bacalhau e o vinho, ou no que toca ao corpo.

"Este agachamento é pela rabanada que vão comer". Quantas não foram as vezes que frases deste género já se fizeram ouvir nas aulas de grupo dos ginásios, como forma de incentivar o exercício (mas também de diminuir os estragos do Natal)? Estes começam mais intensamente na noite de 24, prolongando-se para 25 de dezembro, podendo ser corrigidos nos dias seguintes.

Mas e se o dia 24 se prolongasse durante um mês? Que impacto é que isso teria em nós? Não falamos aqui apenas de uns quilos extra, mas da saúde do nosso corpo, e até da mente.

A Treated.com, uma plataforma de serviço de consulta e prescrição online, tentou responder a estas questões inspirando-se no filme "Feitiço Do Tempo", célebre pelo Dia da Marmota. Phil, um arrogante meteorologista, é obrigado a viver este dia vezes sem conta até perceber o que tem de mudar nas suas atitudes.

O filme deu lugar à suposição do que aconteceria se o Dia da Marmota tivesse ocorrido a 24 de dezembro. Por outras palavras, e se o Natal durasse 30 dias? Começamos por falar naquilo que mais caracteriza esta época: o excesso de comida.

3 mil calorias na consoada, 90 mil durante 30 dias = um maior risco de obesidade

"Muitos, se não todos, veriam mudanças desfavoráveis ​​na circulação sanguínea. Seria expectável ver um aumento dos triglicerídeos, colesterol LDL, níveis de açúcar no sangue e marcadores de inflamação. A tensão sanguínea tenderia a aumentar", diz Jill Weisenberger, especialista em culinária, diabetes e nutrição, que começa por descrever um cenário nada agradável.

Isto porque a ceia de Natal pode até ser forma saudável em muitas regiões que colocam na mesa o bacalhau, os legumes e as batatas cozidas, mas a este juntam outros estragos: as entradas, como queijos gordos e o pão, o excesso de azeite colocado no bacalhau e o exagero de doces que se seguem na sobremesa. Quanto ao vinho, já lá chegaremos.

A especialista Jill Weisenberger acrescentou ainda que se este tipo de alimentação se mantivesse durante um mês, "ao ganhar peso, a diferença entre as calorias necessárias e o consumo de calorias tende a diminuir. Excesso de peso significa maior taxa metabólica" — logo, maior risco de obesidade.

O vinho e outras alegrias da noite

Junto ao copo da água, o outro mais alto espera sempre um tinto ou branco, ou, para quem gosta de elaborar, uma sangria à moda da família.

Se o álcool que acompanha a consoada, que nunca é menos de um copo, fosse consumido durante 30 dias, o risco de problemas de saúde também não tardaria a aumentar: "Um alto consumo de álcool está associado a um grande risco de doenças no fígado, alguns tipos de cancro, doenças cardíacas, problemas na saúde mental e lesões", refere a dietista Maeve Hanon, do site Dietetically Speaking.

Hanon aconselha que o consumo seja reduzido a seis ou cinco dias por semana, de forma a que não exceda mais de 14 unidades, equivalente a sete copos de vinho. Isto para não falar dos efeitos colaterais de um consumo excessivo a curto e longo prazo (como no caso dos 30 dias): dores de cabeça latejantes, enjoos e outros sintomas associados à ressaca.

"Os impactos a longo prazo na saúde podem ser muito graves, incluindo cancro de boca, garganta, estômago, intestino, fígado e mama; acidente vascular cerebral, doença cardíaca ou insuficiência, doença hepática, danos cerebrais e problemas que podem começar a ocorrer no sistema nervoso", diz Daniel Atkinson, líder clínico da Treated.com, referindo-se à possível dependência do álcool e alterações de humor.

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30 dias de excessos, 30 dias de sofá ou de momentos à mesa com a família. O resultado?

Falta de mobilidade, que prejudicaria os músculos e os ossos, bem como declínio da saúde mental devido à repetição do mesmo ambiente.

O constante sentimento de alergia e de nostalgia que sentimos uma vez por ano no dia 24, poderia ainda ser substituído por sintomas de stresse, porque verdade seja dita: o Natal pode ser também uma época stressante.

Ora são os presentes de última hora, ou o facto de ter receio de que a comida não chegue para toda a família, tentar chegar a horas depois de ter de fazer uma longa viagem de carro ou ainda as crianças que não se cansam de perguntar se já podem abrir os presentes.

Se isto se repetisse durante um mês, o stresse tornar-se-ia crónico e interminável. "As pessoas rapidamente se sentiriam sobrecarregadas, irritadas, ansiosas e a autoestima desmoronaria. Psicologicamente, veríamos uma onda de pensamentos irracionais e acelerados, preocupação constante, perda de concentração e declínio na saúde mental, provavelmente resultando em formas de depressão e ansiedade", salienta o líder clínico Atkinson.

Estes sintomas também se refletiriam no corpo já que, de acordo com o especialista, poderia resultar em dores de dores de cabeça ou enxaquecas, tensão nos músculos e articulações, tontura, insónia e cansaço extremo.

Isto era o que acontecia se o dia 24 se prolongasse durante 30 dias

Ainda gostava que a noite de 24 se prolongasse um mês?

Se é bom comer vários doces que confortam a alma? Sim. Se é bom juntar a família? Sem dúvida. Mas se perguntarmos se gostaria de ter todos os problemas de saúde que poderiam advir dos excessos do Natal prolongados durante vários dias, a resposta seria certamente não.

Este "não" também é válido para a única de noite de consoada no ano. "Quando o Natal chegar, é importante aproveitá-lo e aproveitar ao máximo a família e o tempo livre do trabalho, mas também devemos tentar não exagerar", aconselha Daniel Atkinson, acrescentando ainda que uma boa alimentação e exercício físico devem fazer parte das prioridades em janeiro.