A decisão final de Ana Gomes de se candidatar ou não à Presidência da República ainda não foi tomada e a socialista assumiu ainda estar numa fase de reflexão. Depois de um possível anúncio ter sido adiado após a morte do seu marido, o embaixador António Franco, em meados de Julho, a socialista recusou definir um prazo para revelar a sua decisão mas garantiu que será em breve.
Este domingo, 30 de agosto, a ex-eurodeputada deixou no Twitter um comentário que está a ser interpretado como um 'sim' à candidatura presidencial. "Going forward", em português, "seguindo em frente".
“Eu não sou candidata e não tenho ambição de ser candidata”. Foram estas as palavras proferidas por Ana Gomes no passado mês de Agosto, durante o espaço de comentário na SIC Notícias. No entanto, esta mudança de planos e a sua possível candidatura às presidenciais surgiram após o primeiro-ministro António Costa ter praticamente anunciado a recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa ao cargo. “Acho que o que se passou é tão grave, com tantas implicações para a democracia, que fico muito preocupada”, disse Ana Gomes à SIC. Para a socialista “isto mudou muita coisa. Do meu ponto de vista é grave e faz-nos refletir”.
Ana Gomes classificou este episódio como “lamentável“ e um que coloca a própria democracia em risco, já que Marcelo Rebelo de Sousa, sendo “um candidato do regime, vai polarizar a sociedade e facilitar a vida dos extremos”. Terão sido estes os factores a jogar a favor da potencial candidatura à Presidência da República por parte de ex-deputada.
Ana Gomes afirmou ainda que continua “a pensar que o PS devia ter um candidato próprio”, sendo que o objetivo é não fazer “o jogo da extrema-direita” e evitar que Marcelo Rebelo de Sousa se candidate isolado. Apelando a todos os democratas para refletirem, a socialista vê na possibilidade de o PS e o bloco central virem a apoiar a candidatura Marcelo, um motivo de preocupação e em que fica aberta uma via à progressão da extrema-direita.
O facto de Carlos César, o presidente do PS, ter afirmado que o congresso do partido podia só ter lugar depois das presidenciais, não ajudou. Foi nessa altura que Ana Gomes teceu duras críticas a ambos os políticos e não é portanto de estranhar que vozes dentro do partido estejam contra a sua candidatura e que, se a deputada decidir avançar, ser quase certo que não terá o apoio do PS . Carlos César afirmou mesmo que “só numa situação limite” votaria nela.
Por outro lado, a deputada tem recebido mensagens de apoio e incentivo por parte de outros nomes do meio politicos, nomeadamente do também socialista Francisco Assis, de Ricardo Sá Fernandes, dirigente do Livre, do antigo deputado do PS e ex-candidato presidencial Henrique Neto, do ex-presidente da Câmara Municipal de Matosinhos Narciso Miranda, do ex-autarca de Fafe José Ribeiro, entre outros. Foi igualmente criada uma plataforma de apoio à sua candidatura, a “Plataforma Cívica de Apoio à Candidatura de Ana Gomes à Presidência da República”.
Em relação à plataforma, é nela explicitado como Ana Gomes representa uma real alternativa à candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa, já que Ana Gomes "é uma mulher de causas que desenvolve uma reconhecida atividade cívica”, ao mesmo tempo que tem uma "longa carreira diplomática" e uma vasta "experiência no campo da política europeia". No entanto, a antiga euro-deputada socialista distanciou-se desta plataforma, afirmando que esta iniciativa não será a única influência na sua reflexão e que terá "muitos fatores em consideração" para decidir se estão reunidas as condições certas para avançar com a sua candidatura.