Carmen Garcia é enfermeira, mãe e blogger. Durante o ano passado, juntou estas três forças para conseguir dar mais vida às renovadas urgências pediátricas do Hospital de Évora.

É que ainda que agora contem com 322 metros quadrados de salas amplas, com luz natural, mais gabinetes e salas de espera, Carmen achou que faltava algo: humanizar o espaço. Por isso, aproveitou o Dia do Pai e da Mãe para vender peças criadas em parceria com uma designer e com esse dinheiro comprou brinquedos para que as pessoas se pudessem entreter.

Canecas com frases como "Super-heróis são os que combatem as super birras", garrafas a dizer "Sou mãe e isto não deveria ser água" ou sacos de pano para "Mães Imperfeitas" — nome que dá também ao seu blogue e página de Facebook — foram um sucesso e os mil euros angariados serviram o seu propósito. De repente, as urgências estavam cheias de brinquedos e jogos para as crianças.

Problema? Não durou muito. Tal como publica na sua página de Facebook, com a ironia que a caracteriza, "as coisas deviam trazer uma cola qualquer e estavam a ficar agarradas às mãos de algumas pessoas." Ou seja, os brinquedos desapareceram das urgências em poucos dias. "Até um daqueles banquinhos coloridos para as crianças se sentarem. Engraçado, não é? Parece que em Portugal isto só funciona se for tudo pregado ao chão e fechado com cadeados", refere.

O que restou dos brinquedos está agora longe do alcance de todos. Tal como explica ao "Diário de Notícias", alguns brinquedos foram colocados nas salas das crianças com patologias respiratórias — já depois da triagem — e os outros estão no Serviço de Observação, onde as crianças chegam a estar internadas por períodos de 24 e 48 horas. E garante que, em resposta à falta de civismo, "não há hipótese de voltar a pôr os brinquedos na urgência".

O hospital garantiu ainda ao DN que vai apresentar queixa na polícia, e que os responsáveis consideram "lamentável esta falta de responsabilidade cívica".