Fez na passada segunda-feira, 30 de março, duas semanas que as escolas encerraram, e não está descartada a hipótese de reabrirem mais cedo do que o que tem sido falado. É uma hipótese que está em cima da mesa, e dependerá muito de quando Portugal atingirá o pico da epidemia. Num cenário perfeito, e de acordo com as projeções mais otimistas que saíram de um novo encontro que voltou a reunir as principais figuras do combate à pandemia — os especialistas da Direção-Geral de Saúde e os peritos do Instituto Ricardo Jorge —, o pico da pandemia, em Portugal, pode até já ter sido alcançado, ou ser alcançado por estes primeiros dias de abril. Isso permitiria que as escolas reabrissem em breve.

É um cenário perfeito, uma previsão otimista, mas que existe. A DGS trabalha com estatísticas diárias e semanais, e, por isso, não faz projeções muito além disso, daí que a situação seja continuamente reavaliada, de acordo com os dados reais e não com projeções futuristas mais incertas.

Recorde-se que António Costa já terá decidido que as escolas ou abrem até dia 4 de maio ou, depois, disso, não fará sentido, de acordo com o que avança o semanário "Expresso".

Segundo o mesmo jornal, que falou com um dos presentes na reunião de peritos, a decisão da reabertura das escolas vai depender das opiniões dos especialistas de saúde, que o Governo de António Costa tem seguido nas últimas semanas.

315 mil trabalhadores a recibos verdes podem não ter apoio do Estado em abril
315 mil trabalhadores a recibos verdes podem não ter apoio do Estado em abril
Ver artigo

Espera-se que a 9 de abril, data em que está prevista uma nova avaliação do surto de COVID-19 em Portugal, António Costa já tenha todos os dados necessários para poder tomar uma decisão sobre as escolas. No entanto, a reabertura poderá ser de forma faseada e diferenciada: com a abertura, em primeiro lugar, das creches e das escolas do primeiro ciclo e só depois as outras.

Segundo os dados apresentados e discutidos na reunião de terça-feira, denotou-se um impacto "evidente" que as medidas de contenção e o estado de emergência tiveram no combate ao novo coronavírus.

"António Costa estava bastante tranquilo. Houve um espírito de maior otimismo, mesmo da parte dos técnicos e podemos confiar que a coisa vai correr bem", revelou uma das fontes, que também esteve presente na reunião, ao "Expresso". E a ideia é que, provavelmente, o pior cenário parece já ter sido evitado.

Essa mesma ideia foi apresentada na reunião, embora com alguma cautela. Além de ser o cenário mais otimista, tem um fundamento: o facto de a taxa de transmissão da doença situar-se nos 1,1 numa altura em que é preciso que seja inferior a 1 para que possa ser considerada em remissão.

Segundo a mesma fonte ouvida pelo jornal "Expresso", as próximas duas semanas vão ser fundamentais para se poder perceber, de forma concreta, em que fase do surto é que o País se encontra.

COVID-19. É seguro pedir comida pela Uber Eats, Glovo ou a restaurantes que entregam em casa? Uma médica explica
COVID-19. É seguro pedir comida pela Uber Eats, Glovo ou a restaurantes que entregam em casa? Uma médica explica
Ver artigo

Nos outros dois cenários em aberto, no entanto, o pico pode ser verificado ainda na primeira quinzena de abril ou, de acordo com as últimas previsões, em meados de maio ou junho.

Durante a reunião, Manuel Carmo Gomes, professor de epidemiologia na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, reforçou que vai ser importante olhar para o momento em que o surto se encontrar mais controlado. É que assim que a taxa de propagação e de incidência da doença começar a baixar, considera que isso se pode traduzir numa "falsa sensação de segurança e uma tentação" para aliviar as medidas — o que poderia ser "desastroso".

É que o risco de reinfeção ainda não é conhecido mas, caso se veja a confirmar, complicaria ainda mais os esforços de todas as autoridades de saúde no combate ao COVID-19.