Numa altura em que Portugal continua em estado de alerta devido ao número de contágios por COVID-19 e, apesar do desconfinamento, ainda há quem esteja em regime de teletrabalho, há uma dúvida importante que merece ser esclarecida. É ou não seguro encomendar comida que nos é entregue em casa por um estafeta?
É que numa altura em que é recomendado que as saídas de casa sejam apenas para o estritamente necessário — especialmente nas 19 freguesias mais afetadas na Área Metropolitana de Lisboa — o mais normal será recorrer a sistemas de entrega ao domicílio como a Uber Eats, a Glovo ou a qualquer empresa que nos leve comida a casa. Para a médica de medicina interna Ana Isabel Pedroso, ouvida pela MAGG, não há grandes dúvidas.
Embora a especialista admita que há riscos pelo facto de a comida passar por várias pessoas antes de chegar ao cliente, e porque há contacto entre cliente e estafeta no ato da entrega, a encomenda de comida ou produtos ao domicílio ainda é o mais seguro para todos. É isto que está a acontecer em grande escala nos primeiros países a registar várias infeções por COVID-19.
"O que tem acontecido noutros países, nos primeiros a registar vários casos de infeção por coronavírus, é que o sistema de encomendas tem sido recomendado e privilegiado até mesmo às pessoas que se encontram em isolamento forçado ou quarentena. Tem-se falado muito na preferência de optar por entregas de comida ou de outros produtos básicos, como roupas ou produtos para a casa, e houve até várias empresas a reduzir ou eliminar as suas taxas de entrega", explica.
Por isso mesmo, Ana Isabel Pedroso não tem qualquer problema em recomendar que as encomendas de comida ou de outros produtos sejam privilegiados quando comparadas com a deslocação a grandes superfícies comerciais. Mas garante que é necessário tomar todas as medidas necessárias.
"Não tenho qualquer problema em dizer que encomendar online para que seja entregue em casa é uma melhor ideia do que sair e ir comprar, mas as pessoas têm de ter cuidado", reforça. Como? Em primeiro lugar, continua, garantindo que os produtos são pagos no ato da encomenda — através de um cartão de crédito ou de multibanco.
"Isto vai permitir que, no ato da entrega, não haja contacto do estafeta com o seu cartão ou com o dinheiro. Da mesma forma, deve, sempre que possível, pedir ao estafeta para deixar a comida à porta para que não haja entrega de mão em mão, reforçando o distanciamento social que é tão importante nesta altura." Mas para que tal aconteça, frisa, é necessário que os produtos sejam pagos no ato da encomenda.
No entanto, e no que toca à comida e às empresas responsáveis pela sua confeção, a especialista diz que a única coisa a fazer é confiar. "Não temos outro remédio senão confiar de que as empresas e os seus colaboradores estão a reforçar os cuidados mínimos de higiene nos seus estabelecimentos e de que, na altura de a embalar, o fazem devidamente e com especial atenção às medidas de prevenção."
É por isso que a médica de medicina interna diz que, no caso de um paciente lhe perguntar se é boa ideia encomenda comida para lhe ser entregue em casa, esta não terá problemas em recomendar.
"Acredito que é uma medida muito melhor. Aliás, é mais perigoso obrigar a pessoa a sair e dirigir-se a locais públicos onde vai estar mais exposta e vulnerável", garante.
Por isso, conclui: "Devemos privilegiar tudo o que é encomendas online e manter o isolamento ao máximo, fazendo de tudo o que seja necessário para nos mantermos em casa, exceto quando é estritamente necessário sair."