Esta terça-feira, 14 de janeiro, foi noticiado que o ator Ângelo Rodrigues estava em coma induzido, na sequência de uma pneumonia por aspiração. O ator de 36 anos deu entrada no Hospital de São José, em Lisboa, no domingo passado, e terá sido colocado em coma medicamente induzido e entubado depois de ser diagnosticado com a infeção respiratória grave.
Agora, quarta-feira, 15, a SIC Notícias avança que Ângelo Rodrigues já foi desentubado, e embora tenham sido divulgadas poucas informações até ao momento, sabe-se que o ator se encontra estável e não corre perigo de vida, também de acordo com o canal de Paço de Arcos.
Mas, afinal, o que é uma pneumonia por aspiração?
"Acontece quando o bolo alimentar, que deveria estar no estômago, ou a comida que temos na boca, vai parar ao aparelho respiratório, em vez de permanecer no aparelho digestivo", explica à MAGG Ana Isabel Pedroso, médica internista e intensivista. De acordo com a especialista, somos protegidos deste desvio das substâncias alimentares para o aparelho respiratório devido a dois importantes reflexos: o de engolir, levando a comida para o aparelho digestivo, e ou de tossir, expelindo a substância.
"Se não temos estes dois reflexos ativos, é porque estamos num estado de inconsciência. E este alteração do estado de consciência pode ser causada por várias razões, como um acidente vascular cerebral, mas também devido à ingestão de outras substâncias ou intoxicações por álcool ou drogas, que levam a um estado de inconsciência e fazem com que fiquemos sem estes dois reflexos", esclarece a médica.
Recordando a importância de colocar uma pessoa de lado se esta se está a sentir mal, justamente para ser possível expelir o vómito e este não ir parar ao aparelho respiratório, Ana Isabel Pedroso reforça o que causa esta grave infeção respiratória. "Não é suposto estar nada nos pulmões exceto ar. A comida causa logo uma infeção devido às bactérias presentes e altera a função respiratória."
Nem todos os doentes são ventilados. "É o tratamento indicado se o estado de consciência se mantiver baixo"
Devido a estas alterações, e tal como explica a médica, alguns doentes — não todos, salienta — têm de ser ligados a um ventilador para ser assegurada a função respiratória. E, para tal, têm der adormecidos e colocados num coma induzido.
"À medida que o antibiótico vai funcionando, vamos acordando os doentes, temos de perceber se já recuperaram os reflexos de deglutição e tosse. Ou seja, são retirados do coma, e estando a situação clínica a evoluir favoravelmente, depois então retiramos do ventilador", explica Ana Isabel Pedroso. De acordo com as notícias mais recentes, é justamente neste passo que está Ângelo Rodrigues, que já terá sido retirado do ventilador.
No entanto, a especialista salienta que o ventilador e o coma induzido não são o único tratamento para as situações de pneumonias por aspiração. "Nem todos os doentes têm de ser ventilados, depende de muitos factores, desde a dose que foi aspirada à estrutura da pessoa. É o tratamento indicado se o estado de consciência se mantiver baixo e o doente estiver com dificuldades respiratórias", explica.
A aspiração está ligada a um estado de inconsciência
Para além disso, e reforçando não ter qualquer conhecimento sobre a situação específica do ator e o que terá levado à pneumonia por aspiração de Ângelo Rodrigues, a médica internista e intensivista salienta que este é um evento que pode acontecer a qualquer pessoa.
"Não são só as pessoas idosas que têm pneumonias por aspiração, nem acontece apenas na sequência de AVC's (embora uma pessoa jovem também possa sofrer um acidente vascular cerebral). Não é à toa que colocamos as pessoas de lado quando se estão a sentir mal e ficam inconscientes, mas sim justamente para um possível vómito ser expelido. Deve-se colocar em posição de segurança e chamar ajuda. Isto é algo que pode acontecer a todas as pessoas, relacionado com um estado de consciência alterado, logo é importante alertar, principalmente os mais jovens, para os perigos destes estados de inconsciência, que podem estar também relacionados com álcool e drogas", conclui Ana Isabel Pedroso.