Se já assistiu à série “The Act”, esta história vai soar-lhe familiar. Na ficção — ainda que baseada numa história verdadeira — temos Dee Dee, personagem que sofria de síndrome de Münchhausen, uma doença na qual os indivíduos fingem, em si ou nos outros, doenças para chamar atenção. Neste caso, Dee Dee focou todas as atenções na filha, Gipsy, tendo criado a jovem como se tivesse inúmeros problemas de saúde — desde leucemia a atrofias musculares, passando por distúrbios mentais e epilepsia — quando, na verdade, era saudável.

Agora, voltando a uma realidade ainda mais próxima, uma vez que viajamos dos Estados Unidos para Portugal, ficamos a conhecer a história de Jéssica Bento, de 25 anos, que dizia ter um tumor no cérebro, rapou o cabelo, participou em eventos de recolha de donativos quando, na verdade, não tinha qualquer problema de saúde e queria apenas ganhar dinheiro.

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Jéssica Bento foi condenada esta terça feira pelo Tribunal de Tomar por burla qualificada. A arguida acabou em liberdade com pena suspensa, por não ter antecedentes criminais e por ter revelado a verdade. No entanto, terá de pagar cerca de 30 mil euros ao Instituto Português De Oncologia (IPO) e de fazer algumas horas de voluntariado, cujo local será decidido pela direção geral dos serviços prisionais.

A história bizarra de Jéssica terá começado em 2015, ano em que a jovem rapou o cabelo e afirmava ter um cancro (glioblastoma grau IV). Segundo a jovem, a única solução para colmatar o problema seria realizar um tratamento na Alemanha, que tinha o valor de 45 mil euros.

Foi criada uma página no Facebook para ajudar Jéssica e organizaram-se eventos de angariação de donativos, como um almoço solidário e um espetáculo na casa do povo de Amiais de Baixo, em Santarém.

Evento realizado para angariar fundos para Jéssica Bento

Quando algumas pessoas começaram a levantar suspeitas sobre a veracidade da história, Jéssica continuou a usar o Facebook para se defender e, inclusive, atacar e insultar quem duvidasse da sua doença. Garantia ter sido operada e ter realizado tratamentos de quimioterapia e radioterapia na Alemanha.

Ainda assim, apenas dois anos mais tarde, depois de iniciada a recolha de donativos, é que foi aberta a investigação a Jéssica Bento, que não negou o sucedido e confessou tudo em tribunal.