O Hospital de São João criou uma iniciativa para as vacinas contra o HPV chegarem a mais mulheres de forma gratuita. A vacina contra o vírus do papiloma humano entrou no Programa Nacional de Vacinação em 1992, as três doses começaram a ser administradas de forma gratuita a mulheres a partir dos 12/13 anos. Cerca de 90% das raparigas que nasceram depois desse ano estão vacinadas, ao contrário do que acontece com as mulheres mais velhas. Um dos motivos para isso é o elevado custo da inoculação, 400€, e o facto de não ter qualquer tipo de comparticipação.

HPV. O que é, como se transmite e qual a importância da vacina? Falámos com um especialista
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A unidade hospitalar portuense pretende combater esta tendência e vacinar “à volta de 100 mulheres por ano” que tenham alto risco oncológico e que não estejam incluídas pelo Plano Nacional de Vacinação. Esta iniciativa dtem  critérios “muito estritos” e é direcionada para mulheres “muito específicas”, explicou Pedro Baptista, responsável pela Unidade de Trato Genital Inferior do serviço de Ginecologia de CHUSJ, à agência Lusa, citada pela “CM”.

O objetivo é vacinar mulheres com “maior risco de ter novamente lesão ou de haver progressão da lesão mais grave”, referiu Pedro Baptista. Os riscos e lesões são identificados através dos rastreios de HPV, que decorrem nos Centros de Saúde. Todas as mulheres dos 25 aos 64 anos de idade podem realizar o rastreio do cancro do colo do útero de forma gratuita a cada cinco anos.

Além dos resultados dos rastreios serem um dos meios de seleção que o hospital do Porto escolheu para definir quais as mulheres que serão vacinadas, também limita a vacinação a mulheres até aos 65 anos. As mulheres que nasceram depois de 1992 e usufruíram da vacinação incluída no Plano Nacional de Vacinação não serão revacinadas, a menos que por algum motivo não tenha conseguido usufruir desse benefício.

O médico Pedro Baptista ambiciona que este programa de vacinação gratuita motive outras instituições a desenvolver meios semelhantes. “A longo prazo, haverá a redução potencial do número de cancros do colo do útero. E, embora seja difícil de medir, também se percebe as vantagens de diminuir o número de procedimentos nesta área. Um tratamento do colo do útero aumenta o risco de um parto pré-termo. Se com um tratamento aumentamos, com dois aumentamos muitíssimo. Especialmente em mulheres jovens, se pudermos mexer o mínimo possível, estamos a melhorar o seu futuro obstétrico”, explicou o médico do Hospital de São João.

Um estudo realizado em Inglaterra e publicado na revista “The Lancet” mostra que as taxas de cancro do colo do útero são 87% mais baixas em mulheres que foram vacinadas contra o HPV quando tinham entre 12 e 13 anos, 62% mais baixas quando vacinadas entre os 14 e os 16 anos e 34% em mulheres cuja vacinação ocorreu entre os 16 e os 18 anos, explicou o “Público”.

Pedro Baptista defende que esta “não devia ser uma iniciativa de um hospital, devia ser uma iniciativa central aplicada a todas as mulheres nas mesmas circunstâncias”. Acrescenta ainda que “isto não é gastar dinheiro, é poupar dinheiro”:

Vacinação em mulheres adultas "confere uma proteção individual significativa"

O ginecologista Pedro Vieira Enes explicou à MAGG, que “os cinco anos têm uma explicação lógica estudada que diz que este poderá ser o tempo mínimo necessário desde que a infeção do HPV possa provocar alguma lesão. Toda a evidência fala num espaço de três a cinco anos”. Contudo, não abrangido pelo Sistema Nacional de Saúde, a mulher pode optar por fazer o exame a cada três anos.

O médico reforçou ainda a importância da vacina para a saúde das mulheres. “A vacinação de mulheres além dos 25 anos tem uma relação de custo benefício discutível em termos de saúde pública, mas, de facto, confere uma proteção individual significativa pelo que deve ser sempre aconselhável fazer (pelo menos até aos 45 anos)". Ainda assim, o médico partilhou que a diminuição significativa dos cancros do colo do útero resulta do programa de rastreio aliado à vacinação.

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