Seis trabalhadores imigrantes já foram retirados do empreendimento Zmar, em Odemira, para onde foram levados na madrugada desta quinta-feira, 6 de maio. A Guarda Nacional Republicana (GNR) esteve à frente da operação de realojamento, que começou na tarde desta sexta-feira, 7 de maio, e terminou já de noite. Está ainda previsto o realojamento de mais dez imigrantes este domingo.
As duas famílias retiradas do complexo turístico foram realojadas em casas disponibilizadas pela empresa empregadora das mesmas, conforme avançou o presidente da câmara de Odemira numa conferência de imprensa. As novas habituações dos seis imigrantes foram alvo de inspeção das autoridades de saúde, segundo fonte do ministério da Administração ao jornal "Público". Quanto às crianças destas famílias, serão integradas em creches na freguesia de São Teotónio, uma das freguesias de Odemira em cerca sanitária devido à pandemia de COVID-19.
Perante novas movimentações dos trabalhadores de plantações em Odemira, os proprietários dos alojamentos no Zmar mostraram-se indignados pela forma como, mais uma vez, foram levados. "Como se não bastasse terem chegado da forma como chegaram às quatro horas da manhã, com todo aquele aparato policial — realmente hoje foi muito mais tranquilo, sem cães, sem metralhadoras —, não seria preciso às dez da noite virem arrancar as pessoas de casa, mais uma vez, para os movimentar", disse Paulo Figueiredo, um dos proprietários, à SIC Notícias.
Quanto aos outros dez de um total de 24 trabalhadores levados para o empreendimento, serão retirados este domingo do Zmar e sabe-se que trabalham para a mesma empresa agrícola das famílias que já abandonaram o complexo turístico.
O motivo da saída dos trabalhadores não tem que ver com a requisição civil decretada pelo governo na semana passada e que caiu com a aprovação pelo Supremo Tribunal Administrativo de uma providência cautelar submetida pelos proprietários de casas. Está sim relacionado com uma nova solução encontrada pela câmara para realojar os trabalhadores que viviam em habitações impróprias.
A guerra judicial entre os proprietários do Zmar e o governo, agravada pela entrada forçada dos imigrantes durante a noite na propriedade privada, continua, e apesar de o Supremo Tribunal Administrativo ter dado razão aos proprietários, esta ainda não é definitiva, não sendo possível retirar os imigrantes do complexo turístico. Isto porque o governo mostrou intenção de contestar a decisão do Supremo Tribunal Administrativo, tendo um prazo de dez dias para o fazer, conforme declarado pela justiça. Se chegar a avançar, a providência cautelar poderá ficar sem efeito.