Lucas Miranda, um jovem de 15 anos dado como desaparecido desde outubro, foi encontrado morto esta quarta-feira, 17 de fevereiro. O corpo estava em avançado estado de decomposição e enrolado num lençol branco dentro de um poço nas imediações do Centro Tabor. Lucas estava institucionalizado neste centro de acolhimento para jovens, em Palmela.
Ao que tudo indica, de acordo com as investigações da Polícia Judiciária de Setúbal, o jovem terá sido assassinado por um gang juvenil do Vale da Amoreira, no concelho da Moita, avança o "Correio da Manhã".A suspeita deve-se ao facto de, no ano passado, Lucas Miranda se ter envolvido com um grupo autor de vários episódios de violência.
Lucas sofria de uma doença psiquiátrica e viveu com a mãe adotiva, Jéssica Nova, até começar a ter atitudes violentas no primeiro confinamento obrigatório, em março. Por essa razão, Jéssica teve de entregar o jovem à instituição, na qual permaneceu até fugir pela última vez a 15 de outubro — na sequência de várias fugas anteriores — do centro de acolhimento, conforme relatado pela mãe adotiva a 6 de janeiro numa entrevista ao programa "Linha Aberta", na SIC, para dar conta do desaparecimento do filho, que não tinha na sua posse qualquer documento de identificação.
Jéssica Nova revela que percebeu que Lucas andava "em grupos, alguns deles armados pelos que se vê nas fotografias", diz. "Eu mesmo sozinha já tenho receio. E ele, com o grupo com quem ele anda, eu não me vou meter no meio do Vale da Amoreira à noite à procura dele. Acho que isso compete à polícia”, afirmou. Contudo, a mãe adotiva acusa a Polícia Judiciária de Setúbal de após várias insistências da sua parte não ter investigado o desaparecimento.
"A minha maior revolta é que eu peço ajuda às entidades que eu achava que era suposto ajudarem. Inclusivamente cheguei a telefonar para a PJ de Setúbal, em que não foi com muito agrado que falaram comigo ao telefone, mas depois de uma grande insistência minha deram-me um mail para eu mandar tudo o que tinha sobre o Lucas. Eu mandei e nunca obtive nenhuma informação, resposta, nada", conta.
Só após a entrevista ao canal é que as autoridades foram à procura de Lucas Miranda no Vale da Amoreira. Entretanto, surgiu uma suspeita de que o corpo estaria dentro de um poço a 150 metros da vedação do Centro Tabor, após uma denúncia feita à Polícia Judiciária (PJ) no início desta semana pelo pai de uma criança que lhe relatou o crime. As buscas da PJ de Setúbal em colaboração com os bombeiros sapadores de Setúbal começaram pelas 13h49 desta quarta-feira, 17, e o corpo foi encontrado às 17 horas.
Depois de retirarem o cadáver dentro do poço — tapado por silvas e telhas, o que dificultou as buscas —, o corpo do jovem de 15 anos foi levado para a morgue do Instituto de Medicina Legal, em Lisboa. O estado de decomposição não permitiu identificar de imediato a vítima, revela o "Jornal de Notícias", por isso espera-se o resultado de uma autópsia, na próxima semana, para identificar o jovem e as causas da morte.
Segundo o "CM", Lucas Miranda terá sido assassinado no dia em que desapareceu, a 15 de outubro, e o lençol que envolvia o corpo terá sido usado para transportar o jovem até ali. A confirma-se o assassinato, tratar-se-á de um crime de ocultação e profanação de cadáver. As investigações estão agora a decorrer e até ao momento não são conhecidas detenções.
Lucas Miranda fazia parte do Futebol Clube Barreirense, que informou a morte do jovem através das redes sociais e deixou uma mensagem. "A vida tem destes mistérios e o maior deles é a morte. Nunca poderemos entender o porquê de um menino de 15 anos ter que partir e deixar toda uma vida por viver", lê-se na publicação.