Quem em Portugal está atento à nutrição não estranhará o nome Lillian Barros. É autora do blogue "Santa Melancia", colaboradora frequente do programa "Faz Sentido", da SIC Mulher, tendo já assinado três livros: "Sumos e Águas Detox", "Sopas e Saladas Detox" e, acabado de chegar às livrarias, "A Comida que Vai Mudar a Sua Vida".
Nesta nova espécie de manual prático, editado pela Manuscrito, a nutricionista de 36 anos que nasceu no Canadá regressa às origens, à forma mais simples dos alimentos que todos conhecemos, para nos ensinar a transformá-los em armas poderosas, capazes de nos protegerem e de combaterem uma série de problemas, muitos associados a estilos de vida atuais e pouco saudáveis.
Foi a propósito disto mesmo que a MAGG se sentou com a autora, grávida do segundo filho, para conversar sobre como é que os alimentos e a forma como comemos é capaz de mudar a nossa vida. A conversa não se ficou por aí: também falámos sobre o panorama atual no universo da nutrição: as modas, as tendências, a credibilidade, as influenciadoras digitais e a maiores lacunas nas estruturas da sociedade que fazem com que os índices de obesidade infantil continuem a ter números assustadores.
A alimentação é literalmente capaz de mudar as nossas vidas?
Sem dúvida alguma. Uma pessoa saudável e que já come bem talvez não vá sentir muito. Mas quem come mal, comete muitos erros alimentares — o que não tem necessariamente de significar que coma fast food, pizzas e massas com natas —, comendo bem, nota a diferença, porque vai ao fundo da questão e percebe que o organismo não estava a funcionar da melhor forma. Sente-se com mais energia, mais livre, com uma sensação maior de bem-estar.
O problema é que continuamos a ter índices absurdos de obesidade infantil, portanto qualquer coisa não estão a funcionar bem. Acho que a educação deve ser progressiva. E devemos brincar com a alimentação saudável. Não fazer dela um monstro"
Sente isso nas consultas, com os seus pacientes?
Sim, sem dúvida. Vou dar dois exemplos: pacientes com grande excesso de peso e que conseguiram perder peso de forma saudável e sustentável do ponto de vista de continuidade. Mudou a vida deles, porque eram obesos e agora não são. Sentem-se melhor quando olham ao espelho, têm mais auto-estima, mas também a nível de saúde porque tinham uma série de problemas associados ao excesso de gordura.
E ainda casos de pessoas com grandes alterações no trânsito intestinal, que sofrem porque não podem comer uma série de alimentos, porque têm crises, cólon irritável e que, a partir do acompanhamento nutricional, voltam a ser felizes com a sua alimentação e vida. Tornam-se livres. É horrível uma pessoa estar num jantar e ter de sair a correr porque tem uma crise enorme de intestinos. Isto acontece com algumas pessoas. Ao pormos o corpo a funcionar em plenitude, devolvemos o bem-estar às pessoas.
Fala no novo livro sobre a sua doença auto-imune.
Esta doença auto-imune, que é rara, com um diagnóstico impreciso, foi-me detetada no dia em que fiz 30 anos, depois de fazerem uma biopsia pulmonar, que é horrível — um tubo que se coloca pelo nariz, vai até aos pulmões e vão lá buscar um pouco de tecido. Mas tudo foi dar aí, um pouco por acaso. O sintoma principal que eu tinha era um cansaço extremo, mas que, com a azáfama dos dias, eu achava normal, porque ouvia toda a gente a dizer que também se sentia cansada. Depois, numas análises de rotina, fiz um raio-x ao tórax e percebeu-se que tinha umas manchas anormais no pulmão. Apesar de ser sistémica — de poder afetar qualquer órgão do organismo —, esta doença afeta, em 90% dos casos, em primeiro lugar, os pulmões.
O maior problema é que o tratamento é feito com cortisona, que tem uma série de efeitos secundários, onde se incluem o aumento de peso e inchaço, o excesso e alterações de apetite. Senti-me mais anormal a partir do momento em que comecei a medicar-me. Há pessoas que me procuram em consulta porque ganharam 10 ou 15 quilos por causa da cortisona.
Quando é que a alimentação passou a ser o seu remédio?
Eu fiz o tratamento durante quatro anos [hoje já não faz]. Tentei combater o inchaço através da alimentação. Foi aí que entraram os sumos detox na minha vida e foi nestas circunstâncias que o meu primeiro livro ["Sumos e Águas Detox"] saiu. Por isso é que, de alguma forma, até tenho um certo carinho pela doença. Ainda tenho picos e crises, mas a verdade é que este problema mudou a minha vida, porque me fez interessar-me ainda mais pela alimentação. Fez-me utilizá-la, como arma, comigo. Sempre me alimentei bem, mas utilizar-me a mim como verdadeira cobaia fez toda a diferença para acreditar ainda mais naquilo que faço pelos outros.
A nutrição e a moda de comer bem ainda estão muito ligadas a questões estéticas. Mas vai muito além disto…
Sim, sem dúvida. Mas eu acho que as mentalidades já estão a mudar um bocadinho. Se há 15 anos as pessoas iam aos nutricionista obrigadas pelo médico de família, porque ele disse que era preciso perder peso, hoje já não vão forçadas. Vão porque querem. E já há um equilíbrio entre a parte estética e a questão da saúde. As pessoas sabem que os alimentos fazem diferença no seu dia a dia. Continuo a ter uma grande percentagem de pessoas a procurar-me para perder peso. Mas porquê? Porque comem mal. O peso está diretamente ligado às más escolhas alimentares e as más escolhas alimentares têm influência direta no estado da nossa saúde — as pessoas que têm excesso de peso também têm problemas colaterais relacionados. Está tudo ligado.
O peso está a pôr-nos mais doentes?
Sim, mas não é uma regra estanque. Há pessoas que, por terem o metabolismo acelerado, são magras. Queimam aquilo que ingerem, portanto, por parecer que não têm de se preocupar tanto, acabam por seguir uma alimentação menos correta. Aparentemente não manifestam os erros que fazem à mesa, mas isso não significa que não tenham problemas de saúde, porque a alimentação tem um papel preponderante e na aceleração de vários problemas: colesterol elevado, diabetes tipo 2. Existem doenças hoje em dia que antes eram relacionadas com a terceira idade e que agora estão ligadas à má alimentação.
No mundo em que a alimentação saudável está no topo das prioridades, difundem-se muitas receitas. Mas não conseguimos mudar a vida através da alimentação só com isto…
Não. Temos de entender o que é que cada uma significa. É exatamente isso que tento fazer com este livro. Tem a parte prática, das receitas, mas que são exemplos de como é que podemos aplicar os princípios de que falo no resto dos capítulos: os diferentes alimentos e aquilo que é bom para o organismo, consoante diferentes necessidades; as combinações que nos fazem bem, as receitas conforme o perfil do individuo.
É isto que eu quero: munir as pessoas de informação, para que elas sejam os seus próprios nutricionistas. Isto não descarta as consultas a nutricionistas e técnicos especializados na área. Mas significa dotar as pessoas de informação credível. Assim, sabem o que é que estão a fazer, mais do que ver uma receita verde, saudável, com o rótulo do detox, ou paleo, ou glúten free.
Há cada vez mais nutricionistas conhecidos. Muitos lançam livros. Só que é frequente contradizerem-se. Não correm o risco de manchar a profissão?
Eu acho que se não fosse nutricionista também andava perdida. E compreendo perfeitamente a falta de credibilidade que as pessoas podem ter em relação a mais um sumo tendência, a mais um livro. Há muitos livros sobre muitos aspetos e sobre muitas modas da alimentação.
O que eu tento fazer com este livro é voltar um bocadinho às nossas bases e ser completamente anti-fashionista. Se nós comermos comida de verdade, aquela que os nossos avós usavam, se formos à agricultura, aos produtos pouco fertilizados e naturais, então vamos ter uma alimentação muito melhor do que a que temos atualmente, em que só temos de desempacotar. Já quase não descascamos nada porque as coisas já vêm todas prontas a serem consumidas.
Os sumos não servem para nos alimentarmos disto para o resto da vida, para almoçarmos sumos, para jantarmos sumos. É para incluirmos na nossa dieta".
Mas há coisas que fazem sentido nestas modas ou é tudo absurdo?
Há coisas que fazem sentido. Há certos aspetos que fazem sentido: a importância dos intestinos, a importância, não digo do vegetarianismo restrito, mas de uma alimentação mais vegetariana, há também a dieta a flexível, em que comemos um pouco de tudo, mas mais vegetais. Se nós formos buscar um pouco da teoria que existe por detrás destas várias modas, talvez consigamos ter uma visão mais ampla sobre aquilo que deve ser a verdadeira nutrição.
Numa altura em que há livros para todas as dietas possíveis, voltaria a lançar um livro focado em sumos detox?
Voltava. Eu realmente acredito naquilo. Este novo livro não vai de maneira nenhuma contra aquilo que eu já escrevi. O detox é uma ferramenta funcional.
Mas o nome ficou manchado…
Pois, porque foi muitas vezes utilizado como selo de marketing para tudo e mais alguma coisa. O champô é detox, o sabonete é detox, o creme é detox, a pílula é detox. É tudo detox. Mas o que é que é detox? Eu acho que o conceito detox foi mal utilizado e empregue. No meu livro, a primeira coisa que digo é que a alimentação não desintoxica o organismo. O que desintoxica é o próprio organismo. São os rins, o fígado. São todos os órgãos em conjunto, a funcionar em plenitude, que são responsáveis pela desintoxicação natural do nosso organismo.
Nós temos essa capacidade. O que a alimentação detox faz por nós é dar-nos todas as ferramentas para que o corpo funcione em equilíbrio. Os sumos não servem para nos alimentarmos disto para o resto da vida, para almoçarmos sumos, para jantarmos sumos. É para incluirmos na nossa dieta e introduzirmos uma combinação riquíssima que estimule o corpo.
Em Portugal já se nota uma preocupação maior em educar as pessoas, no sentido de alertá-las para a importância de uma alimentação saudável. Mas ainda há trabalho pela frente. Quais é que considera serem as maiores lacunas?
Um grande problema em Portugal é a obesidade infantil. A luta contra isto começa em casa e na escola. Há muitas coisas que podem ser mudadas, mas que levam tempo. A minha filha entrou agora para a creche. Depois de visitar várias, decidi que quero que ela leve a comida de casa. Eu não sou fundamentalista, nem com os meu pacientes, nem comigo, nem com a minha filha, mas acho surreal que eles deem Cerelac como lanche. Nós estamos em 2019 e as creches continuam a dar Cerelac (chamam-lhes papas) ao lanche. Eu não concordo com isto. Acredito que haja escolas com outro tipo de cuidados, mas eu passei por várias onde isto acontecia. Além disso, há pão que é branco ou de leite. Dão bolachinhas. Não há legumes a acompanhar a refeição. Mesmo que haja dias em que a minha filha me diga que não quer legumes, eu quero que ela os leve. Quero que ela entenda o que é um prato completo. Quero que ela saiba que os legumes fazem parte.
Eu acho que devíamos apostar mais em educação positiva do que em culpar as pessoas pelas suas escolhas."
Como é que se soluciona isto?
Procurando boas empresas de catering. Há escolas que têm a própria cozinha, mas muitas mandam vir de fora. Além disso, também tem de partir da exigência dos educadores, que devem procurar, porque a indústria e o comércio dão resposta às exigências do consumidor. Acho que os pais não dão importância suficiente a isto, porque talvez os próprios comam Cerelac em casa. Portanto, é fundamental apostar-se na consciencialização e na informação dos pais e das próprias escolas, que devem ter esta abordagem mais saudável — se os pais não têm esta noção, pode ser a própria escola, que tem o papel educacional, a passá-la.
Mas as coisas estão a mudar. Há dez anos era pior. Havia as festas de anos, com saquinhos de gomas. Agora já não podem fazer isto na escola.
Vê outras medidas que reflitam o facto de estarmos a ir no bom caminho?
As máquinas de venda automática já não têm porcarias nas escolas. Os pacotes nos cafés têm menos quantidade de açúcar. Eram de dez ou 11 gramas e passaram para cinco. Foi-se reduzindo. É uma boa técnica: não estão a proibir as pessoas, mas estão a fazê-las consumir menos.
Também há a taxa dos refrigerantes…
Não concordo muito. Eu acho que devíamos apostar mais em educação positiva do que em culpar as pessoas pelas suas escolhas. Acho que devemos encarar a alimentação saudável de forma positiva. Devemos aliciar as pessoas a comerem bem de forma positiva e não culpá-las por fazerem escolhas erradas.
Imaginemos uma pessoa que cresceu a comer bolachas de chocolate, leite com chocolate e batatas fritas de pacote. De repente, em vez de lhe explicarem como é que devia alimentar-se, começa a pagar uma multa — é um imposto acrescido — porque come mal, fator que, no fundo, é reflexo da educação que teve.
E muito sinceramente, não sei se uma pessoa deixa de comprar uma lata de Coca-Cola por causa desta taxa. O imposto é irrisório. A filosofia por detrás disso está num castigo. E devíamos era incentivá-las a fazerem a escolha certa, a comerem de outra forma. As influenciadoras e a moda da alimentação saudável ajudam nisso.
A propósito disso, não se corre o perigo de transformarmos a alimentação saudável num chavão? Não podemos, sem querer, estar a fazer com que a sua importância caia na banalidade? Tudo é sem glúten, sem lactose, sem açúcar, rico em fibra…
Aí é preciso ter muito cuidado. Temos de munir a população de informação credível. Ninguém nos engana com um selo de bio ou sem glúten se soubermos ler os rótulos, que é o que nos permite classificar de bom, mau ou assim assim. Se eu souber ler a informação que o rótulo nutricional me transmite, então o marketing que está na embalagem deixa de ter efeito — e de ser necessário.
É importante munirmos a população de informação credível. Não temos de acrescentar disciplinas aos miúdos, mas na disciplina das ciências, por exemplo, introduzir uma parte fundamental sobre como ler os rótulos, como fazer uma alimentação saudável. A roda dos alimentos está nos planos curriculares, mas é preciso investir mais. As crianças são o nosso futuro, portanto é fundamental que estejam informadas.
Às vezes falo com jornalistas e recuso-me fazer entrevistas por telefone, prefiro fazer por escrito."
Muitas vezes são as crianças que levam a informação para casa e acabam por ensinar os pais.
Sim, é sinal de que já estão mais atualizadas. Isso é bom. O problema é que continuamos a ter índices absurdos de obesidade infantil, portanto qualquer coisa não está a funcionar bem. Acho que a educação deve ser progressiva. E devemos brincar com a alimentação saudável. Não fazer dela um monstro, não fazer disto uma luta. Tem de ser positivo. Porque senão é tudo um castigo e vêm os traumas e, na vida adulta, é mais complicado.
E com os semáforos nas embalagens, concorda?
Acho ótimo, porque ajudam mesmo a população e são credíveis. Refletem o rótulo nutricional, mas com uma leitura diferente, mais visual, o que faz com que se perceba logo se é bom ou mau. Se tiver tudo mais ou menos verde, então é porque é bom. Se tem um vermelho, já sabemos que não é para comer todos os dias — só de vez em quando. Com uma sensibilidade muito empírica, uma pessoa consegue perceber a qualidade do alimentos que está a consumir, sem ter de entrar em teorias muito aprofundadas. É uma medida muito interessante, que devia ser utilizada em toda a rotulagem.
Acha que os media têm cumprido bem o seu papel na forma como divulgam os princípios de uma alimentação saudável?
Acho que os media têm um papel muito importante. As pessoas consomem muita informação online. Há informação credível, mas também é muito importante que não passem informação errada, o que acontece. Às vezes falo com jornalistas e recuso-me a fazer entrevistas por telefone, prefiro fazer por escrito. Digo coisas que depois transcrevem mal, porque não têm conhecimento na área. Não é que deturpem o conceito que eu passo, mas um erro é capaz de descredibilizar o resto da informação que está no texto.
Depois há outra coisa: teorias que são passadas pelos meios online, em que o título não corresponde bem ao que depois vem no texto. A dieta da melancia, a dieta para perder dez quilos em pouco tempo. Custa-me acreditar que um jornal online possa fazer um título desses, porque as pessoas leem e apreendem que é possível perder dez quilos numa semana.
Há pessoas a chegarem ao consultório com noções erradas?
Sim. Pessoas que perdem quatro quilos num mês, o que é excelente, e acham pouco. Estavam à espera de perder muito mais, porque veem estes chavões e esses títulos — e acham que dessa forma é que está bem. Acaba por ser muito pouco saudável. Perder peso de forma rápida tem consequências para o nosso organismo e tem consequências para a manutenção desse próprio peso. Pode ser pior a emenda do que o soneto. É assim que entramos em dietas iôiô em que o aumento de peso posterior é superior à perda. A pessoa quer perder dez e ganha 12. Perde 15 e ganha 18. Essa solução não existe.
Vê nas influenciadoras fit, e que comem de forma saudável, algum perigo nesta questão da transmissão de ideias?
Têm cada vez mais peso e mais seguidores. Influenciam muito mais do que alguma vez se esperaria. O que é importante é que as pessoas tenham noção que a experiência delas é verdadeira, mas é delas, só delas.
Apesar de tudo, cada vez mais acho que elas [influenciadores] encaram isto como uma profissão e, portanto, querem ser mais credíveis e fazem questão de dizer: “Este é o meu plano, mas eu não sou nutricionista.” Estas ressalvas são importantes, porque asseguram que não se cometem erros. Tendo isso salvaguardado, acho que estas pessoas com influência podem até servir de inspiração para as outras. Podem ter um papel muito importante, na medida em que são uma forma de motivação: “Se ela conseguiu, então eu também consigo.”
E elas são reais. Há filtros e maquilham-se, mas não há os retoques como nas revistas de moda, por exemplo.
Estamos a caminhar para um mundo em que o padrão de referência é o da mulher real?
Eu acho que sim. E há cada vez mais influenciadoras que passam isso. Se calhar estou a ser romântica, mas acredito que sim.
A Lillian tem o blogue, a conta de Instagram e costuma fazer parcerias com marcas. Esta associação entre profissionais, influenciadores e produtos pode ser perigosa?
Mais importante do que ser um conteúdo pago, é ser um conteúdo fiel àquilo que a pessoa defende. Já me convidaram para fazer uma parceria com uma marca de fast food. Eu podia ter aceite, se o interesse fosse simplesmente económico. Mas, enquanto profissional, não posso fazer isso. Eu defendo uma causa, que é a da alimentação saudável. E, apesar de eu ser equilibrada, de não ser, de todo, ditatorial, e perceber que as pessoas precisam do seu momento — até podia encarar assim esta proposta do fast food — eu tenho de passar o exemplo. Então, eu recuso dinheiro em prol da minha idoneidade profissional. Eu acho que as influenciadoras devem fazer o mesmo.
Mas com tantas marcas associadas às pessoas, torna-se difícil distinguir o que é que é de facto bom… São parcerias atrás de parcerias.
Pois, o problema é que, talvez, uma série de pessoas influentes tenha-se deixado vender pelo retorno financeiro. No meu caso, eu respeito muito a minha profissão. A minha profissão não é ser influenciadora. É ser nutricionista. Eu respeito demais a minha profissão para poder manchá-la. Vejo as minhas colegas a fazerem o mesmo. Temos de acreditar verdadeiramente naquilo que fazemos. Temos de manter um fio condutor. Temos de saber qual é o nosso papel. O que é que defendemos e ir por aí. Se eu tenho uma marca com a qual concordo, como uma de aveia, por exemplo, a querer que eu divulgue os benefícios da aveia, porque não? Agora, se for com uma marca de açúcar, já não.
Se lhe pagassem um milhão para defender um produto cheio de açúcar?
Eu teria de dizer que não. Ia custar-me horrores, claro, mas teria de dizer que não. Tinha de ser. Eu não defendo a minha causa só porque fica bem. Eu vivo para ser nutricionista. O meu Instagram é uma ferramenta que criei só para estar mais perto dos meus pacientes.