Luana Pereira, 17 anos, natural de Leiria, passou oito meses fechada numa moradia em Évora depois de ter sido raptada. Esteve encerrada num quarto praticamente sem luz natural a jogar online e a ver filmes num tablet durante os meses que durou o rapto.

A rapariga não manteve contacto com outras pessoas à exceção do raptor de 48 anos, empregado fabril de profissão, e da mãe deste, que vivia na mesma casa, avançou o “Correio da Manhã”. As autoridades acreditam que a mulher não estaria ciente dos verdadeiros contornos da situação.

Mãe de Jéssica acusada de homicídio qualificado. Casal de raptores responde por vários crimes
Mãe de Jéssica acusada de homicídio qualificado. Casal de raptores responde por vários crimes
Ver artigo

Luana foi raptada com 16 anos, a 30 de maio de 2022, a caminho da escola. No dia 30 de janeiro de 2023 completou os 17 anos de idade, ainda em casa do homem. O Departamento de Investigação e Ação Penal de Leiria emitiu um mandado de detenção para o suspeito do rapto. Ao que se sabe, a jovem não estava fisicamente presa na habitação, mas poderia estar a ser controlada emocionalmente pelo raptor, com quem teria uma suposta “relação afetiva”.

A relação entre os dois terá começado a partir de jogos online. Começaram a falar quando a rapariga tinha apenas 14 anos e a relação foi “evoluindo para uma relação amorosa até que surgiu a oportunidade de o suspeito a ir buscar a Leiria, levando-a com ele”, referiu um responsável da Polícia Judiciária (PJ), citado pelo Sapo 24.

Quando desapareceu, levava consigo pouca roupa, uma consola para jogar e o telemóvel que manteve desligado durante os oito meses que durou o rapto, o que tornou a sua localização mais complicada. “O problema é se a vítima não estaria fragilizada e controlada psicologicamente pelo arguido. Esta é a grande questão deste caso”, apontou o diretor da PJ do Centro, Jorge Leitão, que deteve o suspeito com a ajuda da PJ de Évora, segundo o "Correio da Manhã".

O raptor está a passar por uma separação e chegou a receber visitas, incluindo dos seus filhos, e nessas alturas a jovem escondia-se no sótão. Os vizinhos não se aperceberam da presença da menor. Jorge Leitão referiu ao “Correio da Manhã” que o raptor é considerado uma pessoa “devidamente integrada e estruturada”.

Atenção aos sinais. O seu filho pode estar doente por causa da internet
Atenção aos sinais. O seu filho pode estar doente por causa da internet
Ver artigo

A PJ encontrou a rapariga calma e fisicamente bem, mas considera que o raptor se aproveitou da sua “imaturidade e personalidade frágil”. A menor foi entregue à família, residente em Leiria. O suspeito, constituído arguido, deverá ser presente a um juiz esta quarta-feira, 1 de fevereiro, no Tribunal de Leiria, para serem ditadas as medidas de coação.

A jovem já tinha sido sinalizada pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens por fraco aproveitamento escolar. A PJ tem em consideração o facto de a rapariga ter medo de ser institucionalizada e proibida de jogar, algo de que estava dependente.