Luís Monteiro, deputado do Bloco de Esquerda e candidato à Câmara Municipal de Gaia, é acusado de violência doméstica pela ex-namorada, Catarina Alves, com quem teve uma relação há alguns anos. Os rumores de abusos dentro do partido começaram a circular nas redes sociais a 25 de abril, noticia a "Sábado", mas a identidade do alegado agressor só foi revelada esta terça-feira, 4 de maio.
Numa publicação partilhada no Twitter, Catarina Alves disse ter protegido o "agressor para não perder amigos". "Podem chamar-lhe Luís Monteiro, a mim chamam-me louca", escreveu, denunciando a identidade. Numa outra publicação, disse ainda: "Não acho que seja possível inventarem mais rumores ou insultos do que os que já criaram naquele núcleozinho. As lágrimas são só por não ter entrado na esquadra no dia em que fiquei à frente dela com o corpo marcado de cima abaixo, acabada de escapar de uma quase morte."
Após a denúncia, Luís Monteiro partilhou uma nota em que se defende das acusações de Catarina Alves, com quem teve uma relação entre fevereiro e outubro de 2015. O candidato autárquico de 28 anos desmente a versão e alega que a vítima terá sido ele.
"Tenho sido reiteradamente confrontado com insinuações, que entretanto oscilam com acusações, as quais procuram fazer de mim um agressor. Chegou o momento em que não me é possível continuar calado face ao que se está a passar e no contexto em que estamos", lê-se no texto partilhado no Twitter.
"Nunca agredi a mulher que diz ter sido agredida por mim. Esta costuma ser a primeira frase que os agressores usam. Vou ignorar tal facto e dizer a verdade. Nunca agredi a mulher em causa, que foi minha namorada de fevereiro a outubro de 2015, e nunca agredi qualquer mulher. Condeno qualquer ato de violência mas sobretudo este tipo de violência", acrescentou, dizendo ainda que nos meses de relação foi vítima de "agressões sucessivas, violência verbal, ameaças".
A nota refere que há testemunhas que presenciaram o que é dito por Luís Monteiro, que afirma ainda existirem relatos de outros homens que mantiveram relações com a ex-bloquista, Catarina Alves, e que terão sofrido também de agressões.
"Lamento profundamente tudo o que está a acontecer; pelos meus camaradas, pela Catarina Alves e porque admito que seja um problema que não domina, por mim, por todas as mulheres que estão a viver processos de exposição dolorosos que não deveriam ser misturados com este, por todos aqueles que são confrontados com estes factos e que se sentem divididos. Não deveria acontecer", disse ainda.
Segundo Catarina Alves, a relação "começou a ficar violenta ainda antes do verão", antes da eleição de Luís Monteiro à assembleia da República, e não se tratou de episódios isolados — sendo que um deles terá sido o mais violento.
"Tivemos uma discussão a caminho de casa dele, que se tornou violenta a partir do momento em que chegamos lá. O Luís deu-me pontapés no corpo todo, cuspiu-me, arrastou-me pelos cabelos, deu-me estalos e perseguiu-me pela casa. Não sei quanto tempo isto durou, pareceu-me uma hora ou mais, mas foi provavelmente muito mais breve. Terminou quando ele agarrou numa estatueta, quando eu estava caída no chão, e a apontou à minha cabeça. Foi só aí que percebi que o perigo em que estava era real. E foi também aí que ele percebeu o que estava a fazer e parou", contou ao "Público".
Depois deste episódio, a jovem terá ponderado ir à polícia, mas diz não ter tido coragem, "principalmente por acreditar que isto iria ser uma situação isolada", escreve o mesmo jornal.