Inês Sanches, condenada à pena máxima de prisão pelo homicídio qualificado (por comissão de omissão) da sua filha Jéssica, a criança de 3 anos que morreu em junho de 2022 depois de ser vítima de dezenas de agressões, quer sair da prisão. Isto porque a mulher já recorreu à sentença a que foi condenada no início de agosto.
O recurso foi entregue no Tribunal da Relação de Évora e a defesa da arguida alega que não foram apresentadas provas que sustentassem a sua condenação, avança ainda "Correio da Manhã", que acrescenta que um dos principais argumentos do recurso incide sobre certos testemunhos que foram feitos em tribunal.
É o caso das declarações do médico legista que examinou o corpo da criança de 3 anos. O perito disse, em tribunal, que quando a menor foi devolvida à mãe, após ter sido espancada e torturada durante cinco dias pela ama e o marido da mesma, já nada havia a fazer para a salvar.
A advogada de Inês Sanches alegou ainda que nem sequer haviam sido apresentadas provas de que a mãe de Jéssica tenha visto as lesões no corpo da menina quando esta lhe chegou aos braços e que, na véspera da morte da criança, também não se apercebeu do grave estado de saúde em que ela se encontrava, continua a mesma publicação. E ainda terá culpado o estado português, dizendo que se Inês não soube ser a "mãe desejável" para Jéssica, "compete ao Estado responder", porque não lhe retirou a filha.
Durante a leitura do acórdão, o tribunal criticou a postura da mãe de Jéssica. Em tribunal, o juiz Pedro Godinho defendeu que "Inês Sanches sabia que era mãe de Jéssica e que tinha uma responsabilidade acrescida, que deliberadamente desprezou”, acrescentando ainda que Inês “só gostava da filha para a ter", como se fosse um objeto, avança o "Observador".
Além de Inês Sanches, outros três arguidos foram também condenados a 25 anos de prisão pelo crime de homicídio qualificado. Em causa está a ama de Jéssica, Ana Pinto, o marido desta, Justo Montes, e a filha de ambos, Esmeralda Montes.