Domingo, 29 de setembro de 2019, Terreiro do Paço, Lisboa. Um casal homossexual foi vítima de violência por parte de quatro homens que lhes tentavam vender estupefacientes. Depois destes terem recusado, um foi insultado e o outro agredido. A denúncia foi feita, a vitima assistida no local, e os agressores identificados, afirmou uma fonte da polícia à agência Lusa.

Mas voltemos atrás. No ano de 2014, foram apresentadas, de acordo com o relatório do Observatório da Discriminação, mais de 330 denuncias por discriminação contra pessoas LGBTI+. Dois anos depois, em 2016, o número de queixas diminuiu para 179, mas em 2018 voltou a subir para 186. Ainda não há balanços relativos ao ano de 2019, mas alguns acontecimentos mostram que ainda há muito por fazer.

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Em julho, Xavier de 27 anos, estava no Cais do Sodré quando foi vítima de uma situação de discriminação. O jovem conta que um homem mais velho, de garrafa na mão, se aproximou e agarrou o rapaz com que estava com muita força. "Ameaçou agredi-lo com a garrafa de vidro", acrescenta.

Ainda que o pudesse fazer, o casal optou por não denunciar às autoridades uma vez que não existiam "vestígios físicos" do sucedido. Fez a denúncia ao observatório e relatou o sucedido ao jornal Público para reforçar a "urgência de se trilhar um caminho sério de políticas públicas contra a homofobia, a transfobia e os crimes de ódio. Algo que não está a ser feito. "

Melanie e Chris viajavam de autocarro em Camden Town, em Londres

Com 23% das vitimas do sexo feminino, as percentagens continuam a ser superiores nos homens (43%) e com orientação sexual gay (37%). Marta Ramos, coordenadora do observatório, explica que estes valores e as condições dos sucedidos (alguns à luz do dia e em locais movimentados) demonstram que os casos de discriminação a continuam a estar presentes apesar de "muitas pessoas acharem que já não existe discriminação e violência contra pessoas LGBT em Portugal, porque há um conjunto de leis que foram aprovadas".

A nível internacional, a fotografia das duas raparigas agredidas em Londres, marcou o mês de maio. Melania e Chris estavam em Camden Town, na capital inglesa, quando um grupo de adolescentes as agrediu dentro de um autocarro. “Eles começaram a comportar-se como hooligans, exigindo que nos beijássemos para eles verem, chamando-nos ‘lésbicas’ e descreviam posições sexuais. Não me lembro da história toda mas o termo ‘tesouras’ ficou na minha cabeça”, escreveu Melania numa publicação na página de Facebook.

Dois meses depois, os agressores foram condenados por crimes de ódio agravado e posse de droga e objetos roubados. As vitimas lamentam ser necessário ver-se "uma mulher a sangrar para estas histórias terem impacto."