Depois de ser ouvido ao longo de mais de cinco horas neste sábado, 10 de julho, pelo juiz Carlos Alexandre no Tribunal Central de Instrução Criminal, Luís Filipe Vieira conheceu as medidas de coação que lhe vão ser aplicadas após a detenção. Perto das 20 horas, o juiz decretou prisão domiciliária temporária para Vieira, que só poderá sair em liberdade se pagar uma caução de três milhões de euros, confirmou a TVI.

Até ao pagamento dessa caução, o presidente do Benfica, que suspendeu funções, fica impossibilitado de sair da sua habitação. Foi isso, aliás, que pediu o procurador Rosário Teixeira ao juiz, escreve o jornal "Observador". Além disso, Luís Filipe Vieira fica impedido de manter contacto com o Benfica e respetiva direção. Também não poderá viajar para fora País e terá, por isso, de entregar o seu passaporte. A prisão preventiva não foi pedida.

A caução aplicada a José António dos Santos foi de dois milhões de euros; a Tiago Vieira, 600 mil euros; e a Bruno Macedo, 300 mil euros. Os três ficam impossibilitados de contactarem entre si.

Após uma pausa na audiência, ocorrida pelas 14h40, o advogado de Vieira falou aos jornalistas dizendo que "as explicações que Luís Filipe Vieira deu ilibam-no integralmente" das suspeitas que lhe são imputadas, escreve o jornal "Observador". No tribunal, Vieira ter-se-á declarado inocente. A sessão começou pouco depois das 9 horas e, na altura, à entrada do tribunal, o advogado Manuel Magalhães e Silva fez saber que o presidente do Benfica — que entretanto suspendeu funções, dando lugar a Rui Costa — iria "prestar declarações" ao juiz, segundo escreve a agência Lusa, citada pelo mesmo jornal.

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Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, foi detido por agentes inspetores da Autoridade Tributária na quarta-feira, 7, depois de as autoridades terem realizado várias buscas na decorrer de suspeitas de crimes de burla qualificada, fraude fiscal e branqueamento de capitais.

As buscas decorreram nas instalações do Benfica, na sede do Novo Banco, nas empresas ligadas ao empresário José António dos Santos e na casa do próprio Luís Filipe Vieira, da qual saiu já acompanhando pelos agentes. Em causa, está a suspeita de crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento de capitais, considera o Ministério Público.

Esse envolvimento em "negócios e financiamentos", que está a ser investigado pelas autoridades, diz respeito a todas as movimentações ocorridas desde 2014.

Além do presidente do Benfica, foram também detidos o seu filho Tiago Vieira, o agente desportivo Bruno Macedo e o empresário José António dos Santos.