Miguel Sousa Tavares, 69 anos, vai deixar o jornalismo. O escritor e colunista do "Expresso" fez saber que, até ao final de setembro, vai entregar a sua carteira profissional de jornalista e deixar de exercer a profissão, em entrevista exclusiva à revista "Visão".

Apesar disso, o escritor, que acaba de lançar o seu mais recente livro, "Último Olhar" (uma edição da Porto Editora à venda por 20€), vai manter a sua coluna de opinião no jornal "Expresso". "Mas acabaram as reportagens, as entrevistas, isso tudo. Ponto final", inclusive aquelas que assinava para a TVI.

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Depois de 45 anos a fazer jornalismo, Sousa Tavares diz que "já chega", falando numa sensação de "cansaço e alguma desilusão com o jornalismo atual". Essa desilusão, explica, tem que ver com o facto de atualmente não se poder fazer coisas, em termos jornalísticos, devido à falta de meios que afeta o setor.

"O 'não há meios' é terrível. Quantos enviados especiais temos no Afeganistão? Zero. Há 20 anos não seria assim. Se calhar estariam lá dois ou três. É uma tristeza, ninguém vai a lado nenhum", lamenta, em entrevista à mesma publicação.

Após entregar a carteira profissional de jornalista, Miguel Sousa Tavares, que durante toda a década de 90 dirigiu a revista "Grande Reportagem", diz que pretende dedicar-se à escrita — de opinião ou ficção, embora não tenha nada planeado para o futuro.

"É o que me vier à cabeça, mas jornalismo não faço mais", reforça.

O autor de obras como "Equador" ou "Rio das Flores" já está a escrever o seu próximo romance, embora não se comprometa com uma data de lançamento.