Os efeitos da pandemia e dos estados de emergência já têm expressão no número de desempregados: só no concelho de Lisboa, entre 31 de março e 30 de abril, houve um aumento de 16.339 para 19.164 pessoas em situação de desemprego, ou seja, uma subida de 17,3%. Ainda que este crescimento seja transversal ao país, a média nacional é ligeiramente menor: o aumento é de 14,9%, ou seja, de mais 47.781 pessoas desempregadas.

Os números são do estudo do Observatório Luta contra Pobreza na Cidade de Lisboa, que utilizou estatísticas do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) e do Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério do Trabalho e da Solidariedade e Segurança Social. Este aumento do desemprego veio quebrar a tendência de diminuição de desemprego que já há vários anos se vinha a registar. Em março de 2020 continuou a decrescer, apesar de já se notar um abrandamento. "Os dados nacionais e do distrito já refletiam claramente os impactos da declaração de Estado de Emergência que se vivia desde 18 de março.", pode ler-se.

Desemprego vai aumentar nos próximos meses — mas 2021 traz boas notícias
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Ajuda, Alcântara, Olivais, Penha de França e Santa Clara são as cinco freguesias que "já registavam um aumento do número de pessoas inscritas em centros de emprego".

Sobre os centros de emprego: em março de 2020 inscreveram-se no concelho de Lisboa 2.313 pessoas, mais 16,8% do que no mesmo mês do ano anterior. Em abril, os números subiram ainda mais e quase que duplicaram de um mês para o outro: o aumento foi de 46,6% face a março.

Por outro lado, a oferta de emprego diminuiu. "Em março de 2019 foram apresentadas cerca de 700 ofertas de emprego, sendo que em março de 2020 esse número não chegou às 300, um decréscimo de 60,5%."

E se há menos ofertas, há menos colocações: o decréscimo de pessoas a integrar o mercado de trabalho foi de 42,6% em março de 2020, face a março de 2019. Isto significa que apenas 97 pessoas conseguiram trabalho. Novamente, em abril o cenário piora: só 36 pessoas conseguiram arranjar emprego — menos 62,9% do que no mês anterior. 

O despedimentos ou o fim do trabalho não permanente são os dois principais motivos para o aumento do desemprego. "Em março de 2020 a representatividade destes motivos aumentou expressivamente: 17,0% tinham sido despedidas e para 45,1% o seu trabalho não permanente tinha terminado", pode ler-se. "Esta proporção aumenta ainda mais no mês seguinte: em abril de 2020, 24,5% das pessoas inscritas nesse mês tinham sido despedidas e 56,4% dos inscritos viu também chegar ao fim o trabalho não permanente que tinha."

No primeiro trimestre de 2020, 30 empresas do concelho de Lisboa começaram processos de despedimento coletivo, um aumento de 87,5% face ao mesmo período de 2019.