Um grupo de orcas atacou o veleiro Mustique no dia 25 de maio, quando este navegava em direção a Gibraltar, tendo partido o leme e perfurado o casco do barco. Os quatro tripulantes entraram em contacto com as autoridades espanholas de resgate e o navio, com 20 metros de comprimento, foi rebocado para o porto de Barbate, em Espanha, pelo Salvamento Marítimo.
Mas não é a primeira vez que tal acontece. A 5 de maio, na mesma área, o veleiro Alborán Champagne foi atacado por outro grupo de orcas. Nos últimos três anos, este tipo de interações tem-se repetido nas costas de Portugal e Espanha. Em 2021, foram registadas 197 interações de orcas ibéricas entre o Estreito de Gibraltar e a costa marroquina, em 2022 foram registadas 207 e em 2023, até ao momento, foram registadas 48, segundo o Atlantic Orca Working Group.
Destas 48, 27 correspondem a interações no Estreito de Gibraltar ocorridas de 9 de abril a 18 de maio. Este aumento deve-se, em parte, ao ciclo seguido pelas orcas ibéricas, uma espécie em vias de extinção.
Além disso, o comprimento médio das orcas ibéricas está entre cinco e seis metros e estas alimentam-se de atum rabilho no Estreito de Gibraltar durante a primavera e o verão. No outono, continuam a sua rota em direção à costa de Portugal e da Galiza, e no inverno voltam às águas do norte da península até à primavera, repetindo o ciclo, revela a "Magnet".
Contudo, Alfredo López, especialista em biologia e membro do Atlantic Orca Working Group, afirmou que os incidentes foram extraordinariamente raros. “Em nenhum caso que analisamos notamos qualquer comportamento que pudesse ser considerado agressivo”, acrescentando que os animais pareciam “calmos”.
O especialista deu ainda duas hipóteses para explicar o comportamento das orcas. Por um lado, podem ser orcas jovens a brincar, já que se registaram 13 orcas jovens e duas adultas, e estas são “incrivelmente curiosas e brincalhonas”. Por outro lado, pode ser vingança, caso as orcas adultas tenham sofrido uma experiência traumática numa interação com um navio, e as orcas jovens imitam a reação agressiva das restantes.
Quanto ao governo, o Ministério para a Transição Ecológica e Desafio Demográfico anunciou na terça-feira, dia 30 de maio, que estava a trabalhar na “marcação por satélite de seis orcas para minimizar a interação com os barcos”, segundo a "Europa Press". O ministério contará com a colaboração da Conservação, Informação e Estudo dos Cetáceos (Circe), e irá partilhar os dados recolhidos com as administrações, que os irá transmitir aos navegadores.