O nome de Mário Rui Pedras, padre na paróquia de São Nicolau, na baixa de Lisboa, e orientador espiritual de André Ventura, é um dos que consta na lista de suspeitos de abusos sexuais. Foi chamado ao Patriarcado de Lisboa para ser informado e anunciou num comunicado esta quarta-feira, 22 de março, o seu afastamento da paróquia.
Mário Rui Pedras afirma estar “chocado” com esta acusação e diz ser uma “denúncia anónima, falsa, caluniosa, sem qualquer elemento útil ou prestável para investigação”, avança o “Expresso”. “Quero que fiquem seguros de que nada fiz de errado, de desrespeitador, ou de criminoso”, garantiu aos paroquianos.
O padre da baixa de Lisboa é membro de uma ala mais conservadora da igreja e orientador espiritual e confessor, há muitos anos, do líder do Chega, André Ventura, que até acabar a faculdade viveu na residência de São Nicolau. Quanto à denúncia anónima, Mário Rui Pedras diz ser “um golpe cobarde” e garante fazer de tudo para “desmascarar” quem o “difamou”, de forma a livrar-se de “qualquer mácula ou suspeita”.
“Alguém refere ter sido vítima de abusos por mim perpetrados, os quais teriam ocorrido na década de 90, quando frequentava o 8º ano, num colégio da periferia de Lisboa. A notícia assim transmitida chocou-me profundamente”, afirmou. “Quero dizer-vos que essas imputações são totalmente falsas. Ao longo da minha vida sacerdotal não pratiquei o que quer que fosse de censurável, seja pelo prisma da lei canónica, pelo prisma da lei civil ou da ética comportamental”, acrescentou, referindo que a denúncia “não dá a conhecer a identidade” de quem a fez, não “indica o local” onde os alegados abusos ocorreram nem “potenciais testemunhas”.
Para André Ventura, Mário Rui Pedras foi “sem dúvida” o padre que mais o “marcou até hoje”, revela o “Expresso”. O líder do Chega revelou no podcast “Entre Deus e o Diabo” que a única fotografia que tinha em cima da sua secretária era com o padre da baixa de Lisboa, dado que este o recebeu em São Nicolau quando teve uma crise de vocação e saiu do seminário.
O Patriarcado de Lisboa confirmou no dia 10 de março ter recebido uma lista de 24 suspeitos de abusos sexuais, enviada pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja, estando cinco ainda no ativo. Desses, afastou preventivamente quatro sacerdotes, sendo que “o outro sacerdote referido” “já tinha sido sujeito a medidas cautelares”, avança a “SIC Notícias”.
“O Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, determinou o afastamento preventivo, também designado como proibição do exercício público do ministério, de quatro sacerdotes no ativo, recomendado pela Comissão Diocesana”, informaram num comunicado. No entanto, este afastamento é “preventivo” até as investigações estarem concluídas e D. Manuel Clemente reforça que “não há nenhuma acusação formal contra os sacerdotes”.