Tem-se vindo a registar uma descida de preços tanto no arrendamento, como na compra e venda de casas. São estas as conclusões dos dados da Confidencial Imobiliário divulgados esta segunda-feira, 1 de fevereiro, pelo jornal "Público", que revelam o impacto que a pandemia da Covid-19 está a ter no mercado imobiliário.
Os dados relativos ao último trimestre de 2020 apurados pela empresa especializada em estatísticas do setor imobiliário, revelaram variações negativas registadas na área de Lisboa. No caso do mercado de arrendamento, os valores caíram 4,8% em termos trimestrais, já no mercado de compra e venda registou-se um recuo de 0,8%. No Porto, as variações de preços ainda continuam com valores positivos (1,2%) ainda que no trimestre anterior os números se tenham revelado negativos (-0,4%).
A descida de 0,8% em Lisboa torna-se assim relevante uma vez que, segundo dados divulgado pelo "Público", é a primeira variação negativa em cadeia desde o início de 2015 — altura em que iniciou o ciclo de valorização intensa que se manteve até 2020. Em Lisboa, o índice de Preços Residenciais da Confidencial Imobiliário começou o ano com uma subida em cadeia de 3%, tendo-se registado uma variação trimestral nula no segundo trimestre seguida de uma subida de 0,8% no terceiro e chegando a valores negativo nos últimos três meses do 2020.
Relativamente às rendas, os novos contratos revelaram uma evolução descendente pelo quarto trimestre consecutivo — -4,8% em termos trimestrais e -16,8% em termos homólogos — o que fez com que o nível das rendas praticadas no mercado regressassem a patamares de meados de 2017. Esta descida de preços está também relacionada com o facto de muitos dos alojamentos locais terem passado para arrendamentos de longa duração uma vez que a procura de turistas reduziu bastante também devido à pandemia.
“O que encontramos é uma quebra muito grande no ritmo de valorização. Foi isso que trouxe a pandemia. No Porto ainda há um comportamento positivo dos preços, mas muito abaixo daquilo que era há um ano. O que fez foi travar a valorização”, explica Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, ao "Público".
Contudo, Ricardo Guimarães alerta para o facto de estes não serem resultados positivos. “A notícia de que as rendas estão a baixar parece positiva, mas é uma notícia armadilhada. Porque elas baixam em resposta, e na sequência, da redução de rendimento e da produção de riqueza que é gerada. Há uma descida nas rendas mas a descida nos rendimentos das famílias é ainda maior”, afirma o diretor da Confidencial Imobiliário.
Quanto às zonas mais afetadas, a pressão para a desvalorização acontece maioritariamente nas zonas históricas de Lisboa e do Porto uma vez que eram as mais procuradas por turistas. "Temos agora este mercado muito condicionado, ou praticamente inativo. O que não quer dizer que não seja também o segmento de mercado que pode recuperar mais rapidamente”, referiu ainda Ricardo Guimarães que acredita que cada confinamento representa "mais um fosso que se cava na economia, que afeta todos os sectores”.