Ainda que seja a responsável por pôr grávidas a desfilar nas ruas, Caterina Moroni não está grávida. Mas já esteve e, ainda que a filha já tenha 7 anos, recorda-se bem do facto de uma barriga lhe ter dado, muitas vezes, um estatuto de fragilidade.

"Uma mulher grávida não está doente, não é um ser frágil, delicado. Para mim, é uma guerreira!", exclama. E é por isso que começou a juntar mulheres a viver estes nove meses de super-poderes para juntas marcharem. "Para mim, uma grávida representa uma espécie de renovação do mundo", conta à MAGG, dias antes de aterrar no Porto, palco do próximo desfile.

O evento é um dos pontos altos do festival Mexe — Encontro internacional de Arte e Comunidade que, de 13 a 22 de setembro, traz cinema, dança, oficinas, conversas, palestras, marchas, música, exposições e performance a 22 salas e espaços públicos do Porto.

Durante a marcha, há sempre uma dança, uma performance e palavras ditas em voz alta

Reserve o dia 19 para ver marchar pelas ruas do Porto as mulheres que se queiram juntar ao movimento criado por Caterina, que decidiu dar o nome de Duck March ao projeto. "Se me pedir a versão séria, digo que o nome vem da história do Patinho Feio, na qual a mãe dá à luz um filho diferente de todos os outros. É a prova de que a gravidez é o ponto zero da vida. Nunca sabemos se de nós vai sair um Gandhi ou um assassino", refere. Na parte mais descontraída da história, a palavra duck está relacionada com a forma peculiar de andar das mulheres já em estado mais avançado de gravidez. "É o chamado andar à pato", brinca Caterina.

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Antes de qualquer marcha, as mulheres reúnem-se para perceber de que forma vão montar o desfile. É que aqui não conta só andar. Há sempre uma performance ou uma dança simples, onde as mulheres assumem o papel de guerreira com o qual Caterina acha que devem estar sempre relacionadas. "As mulheres devem tomar conta do espaço público e mostrar a força e bestialidade do corpo feminino".

Em grupo, falam sobre temas como a violência obstetrícia, a medicalização do nascimento, a igualdade de género ou a solidão no pós-parto. "Mas as pessoas que nos virem na rua vão ver uma mensagem de renovação e regeneração do mundo", salienta Caterina.

A marcha já aconteceu em Terni, Roma, Modena, Milão, em Itália. Mas também já passou por Hamburgo e três aldeias do Vietname. "Numa delas havia apenas uma grávida. Mas a marcha aconteceu na mesma, apenas comigo e com essa mulher", conta.

Quem quiser participar, pode contactar Caterina através do seu site ou simplesmente aparecer a 19 de setembro, às 17 horas, na Praça de Lisboa, no Porto, e daí começar a marchar.