Depois do Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) ter alertado para o facto de as reservas de sangue estarem em baixo em todo o País, uma onda de solidariedade levou centenas de portugueses a dirigirem-se aos hospitais. No início da semana, o apelo foi feito sendo referido que o stock do tipo de sangue B-, por exemplo, só deveria chegar para quatro dias, enquanto que o do tipo O-, A- e A+ só deveria ser suficiente para mais sete dias em caso de necessidade.

Em Lisboa, esta quarta-feira, 20 de janeiro, as filas à porta do IPST intensificaram-se e houve até quem esperasse cinco horas para poder dar sangue, avança o jornal "Público".  “Cheguei às 10h30 e só saí às 15h45. Foram cinco horas de espera em pé, sem comer, ao frio e à chuva, mas não desisti”, afirmou uma das dadoras ao mesmo jornal sublinhando a importância de doar sangue. Entre os que estiveram nas filas de espera havia ainda bastantes jovens que pela primeira vez tinham tomado a iniciativa de contribuir para o stock de sangue disponível nos hospitais.

Reservas de sangue atingem níveis preocupantes em Portugal
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Na página de Facebook o Centro Hospitalar Lisboa Norte fez questão de agradecer a onda de solidariedade e referiu que recebeu esta quarta-feira 72 dadores e dezenas de chamadas para marcações, ficando estas cheias até ao final do mês de janeiro. "Se quiser ajudar, os grupos sanguíneos mais necessários são o A positivo, A negativo, O negativo e B negativo", pode ainda ler-se.

Todos os anos há alturas em que as reversas se encontram mais em baixo, mas devido à pandemia da Covid-19 a situação intensificou-se. "As unidades móveis costumavam ir às empresas fazer as recolhas, mas agora temos duas situações: nuns casos as empresas fecharam e noutros os trabalhadores estão em teletrabalho, logo torna-se impossível fazer esse trabalho”, explica uma fonte do IPST ao "Público".

Álvaro Beleza, diretor do serviço de sangue do Hospital Santa Maria, em Lisboa, apelou  no inicio da semana à dádiva de sangue insistindo na ideia de que é uma prática segura e de que "não há nenhuma evidência de que alguém possa contrair COVID-19 quando dá sangue". "É seguro, é um dos sítios mais seguros e os médicos têm todos os cuidados com os dados. Além disso, é uma das poucas exceções em que as pessoas devem sair de casa", afirmou.

Como doar sangue?

Poderá dar sangue nos Centros de Sangue e Transplantação de Lisboa, Porto e Coimbra ou serviços hospitalares com recolha de sangue. Consulte a informação disponível em www.ipst.pt. 

Nos locais de colheita:

- deve apresentar um documento de identificação com fotografia (Bilhete de Identidade/Cartão de Cidadão, passaporte, cartão de residente ou carta de condução)

- deve preencher um questionário.

Posteriormente, é avaliado por um profissional de saúde qualificado que determina a sua elegibilidade para a dádiva de sangue, através de uma avaliação clínica e exame físico (como determinação do seu peso, altura, hemoglobina e tensão arterial).