Com o País confinado e com todo o sistema de saúde à beira da rutura, agora é o Instituto Português do Sangue e da Transplantação que alerta para o facto de as reservas de sangue estarem a escassear. No que diz respeito às disponíveis, o instituto diz que o stock referente ao sangue do tipo B- só deverá chegar para quatro dias, enquanto o do tipo O-, A- e A+ só deverá ser suficiente para uma semana em caso de necessidade.

A situação, no entanto, poderá ter tendência para agravar-se devido ao confinamento em todo o País. "Empresas onde eram feitas recolhas estão agora em teletrabalho, há entidades, como os bombeiros, que já não permitem a recolha nas suas instalações e as unidades móveis também não podem circular", explica Alberto Mota, presidente da Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue (Fepodabes), ao "Correio da Manhã".

Noel Carrilho, cirurgião e presidente da Federação Nacional dos Médicos, é cauteloso e considera que, de momento, as várias unidades hospitalares do País ainda não começaram a sentir limitações. A explicação, diz, tem que ver com o facto de o número de cirurgias ter baixado significativamente.

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Na edição da noite desta segunda-feira, 18 de janeiro, Álvaro Beleza, diretor do serviço de sangue do Hospital Santa Maria, em Lisboa, revelou que as reservas de sangue estão a atingir níveis mínimos, principalmente no que toca aos tipos de sangue O-, A- e A+, consideradas as reservas mais críticas.

"Vi o stock de sangue como nunca tinha visto", explica. "Os dados acanham-se um pouco. Estamos numa situação difícil porque temos de continuar a tratar os doentes com cancro e com outras patologias", continua.

Dada uma situação que diz nunca ter visto antes, apelou à dádiva de sangue insistindo na ideia de que é uma prática segura e de que "não há nenhuma evidência de que alguém possa contrair COVID-19 quando dá sangue". "É seguro, é um dos sítios mais seguros e os médicos têm todos os cuidados com os dados. Além disso, é uma das poucas exceções em que as pessoas devem sair de casa", concluiu.

Atualmente, as reservas de sangue A+, A- e O- chegam para entre quatro a sete dias, enquanto as de O, B+ e AB- chegam para sete dias. No Santa Maria, em Lisboa, o tipo de sangue AB+ tem uma folga para dez dias em caso de necessidade.

Como doar sangue?

Poderá dar sangue nos Centros de Sangue e Transplantação de Lisboa, Porto e Coimbra ou serviços hospitalares com recolha de sangue. Consulte a informação disponível em www.ipst.pt. 

Nos locais de colheita:

- deve apresentar um documento de identificação com fotografia (Bilhete de Identidade/Cartão de Cidadão, passaporte, cartão de residente ou carta de condução)

- deve preencher um questionário.

Posteriormente, é avaliado por um profissional de saúde qualificado que determina a sua elegibilidade para a dádiva de sangue, através de uma avaliação clínica e exame físico (como determinação do seu peso, altura, hemoglobina e tensão arterial).

(fonte: SNS24.pt)