“Pedro, hoje finalmente consigo falar contigo. Ontem não dava, estava demasiado ocupado a apanhar os cacos da devastação da tua tão súbita ausência." Começa assim o texto publicado por Paulo Dentinho, primo de Pedro Lima, jornalista e antigo diretor de informação da RTP, no Facebook.
Além de relembrar a vida junto do ator, encontrado morto, no sábado, 20 de junho, na Praia do Abano, no Guincho, e de elogiar a personalidade de Pedro Lima, o "pilar" da família, Paulo Dentinho fala também do vulnerabilidade emocional que o ator estava a enfrentar, atribuindo culpas à TVI, canal em que Pedro Lima trabalhava há mais de duas décadas.
"A tua força era também a tua fragilidade. E estavas frágil e muitos de nós não vimos. O Lourenço Lucena, que é um desses tantos teus amigos que ficaram destroçados, diz aquilo que muitos sabemos, que a tua empresa estava desejosa de te descartar. Devias tê-los mandado a todos para o sítio mais ordinário que existe no planeta", disse. "É nesta altura que entras em cena — conheço-te tão bem! — e é para os defenderes, para dizeres que não é bem assim, que até os compreendes e para me alertares para os meus estados de alma, porque 'já te lixaram por causa disso, e tu sabes bem'."
O jornalista continuou, referindo ainda alegadas chamadas sem retorno, falando ainda da reacção do canal na sequência da morte de Pedro Lima.
"Mas não, hoje não é sobre mim, é sobre ti, Pedro! E pergunto-te então quantas vezes lhes telefonaste nestes últimos dias sem que ninguém atendesse? Sabes, depois escrevem coisas maravilhosas sobre seres um dos atores mais versáteis da tua geração. E falam em pesar e mais uma série de palavras de plástico".
"Pedro Lima tinha um contrato de exclusividade com a TVI até junho de 2021, renovado há cerca de um mês"
Este domingo, 21 de junho, a TVI emitiu um comunicado, que fez chegar às redacções, desmentido a ideia de que pretendia "descartar" o ator.
Além de referir o choque face à inesperada morte de Pedro Lima, o comunicado, assinado por Nuno Santos, diretor de programas do canal, desment a "ideia de que havia um problema na relação do Pedro com o canal para o qual trabalhava, em exclusivo, há duas décadas", que "sorrateiramente, de forma velada e depois amplificada por determinados meios de comunicação social, foi crescendo."
De seguida, dão três argumentos que desmentem os alegados problemas: "Tinha um contrato de exclusividade com a TVI até junho de 2021", que "foi renovado há cerca de um mês já num contexto de pandemia"; "estava em plena gravação da novela 'Amar Demais' onde integrava o elenco principal desta produção a estrear ainda este ano"; "tinha sido convidado a semana passada para integrar, em representação da Media Capital, o júri dos Emmy" que, refere, é um desafio lançado aos "atores mais próximos" e a quem o canal reconhece "qualidades para tal."
Conclui: "Nunca vale tudo e, certamente, lançar ou alimentar comportamentos demagógicos não é apenas desadequado. É inaceitável. O Pedro e a sua família merecem mais."
Pedro Lima morreu no sábado, 20 de junho, na praia do Abano, no Guincho. O corpo foi encontrado durante a manhã. A causa da morte ainda está por apurar, mas peritos forenses acreditam que possa ter sido o próprio a pôr termo à vida, devido a um golpe profundo no pescoço. No início dessa manhã, o ator terá enviado várias mensagens a amigos a pedir que estes olhassem pela sua família.