O terreno localizado na Avenida Almirante Reis, em Lisboa, tem cerca de 6700 metros quadrados e para este local já se planearam vários tipos de construções: todas elas megalómanas, o que fez com que se gerasse uma acesa discussão pública com várias críticas a serem apontadas, principalmente, por munícipes.

Para o quarteirão onde se situa a famosa cervejaria Portugália chegou a estar prevista uma torre com cerca de 60 metros de altura, que não chegou a ser aprovada por não estarem reunidas as condições estabelecidas no Plano Diretor Municipal (PDM).

Depois de um longo debate, na passada quinta-feira, 15 de abril, o novo projeto — em fase de pedido de informação prévia — foi aprovado em reunião da Câmara Municipal de Lisboa, com os votos a favor do PS e do PSD, abstenção do CDS e votos contra do PCP e do Bloco de Esquerda. O plano deixou de prever um prédio de 60 metros, mas ganhou o aval para a construção de um hotel e de vários apartamentos turísticos — solução que o vereador do Urbanismo, Ricardo Veludo, considera um "bom projeto", noticiou esta quinta-feira, 22 de abril, o jornal "Público".

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"Eu considero que o projeto anterior [o da "torre"] era um bom projeto de arquitetura, mas não ficou demonstrado que reunia os requisitos para poder ter aquela forma excecional e também não estava demonstrado o cumprimento de outras regras do PDM, como a dos logradouros”, disse o vereador ao "Público".

Na proposta aprovada para a reabilitação do quarteirão, está prevista a recuperação da Cervejaria Portugália bem como da antiga Fábrica de Cerveja – imóveis que integram a Carta Municipal do Património Edificado e Paisagístico. Assim sendo, a cervejaria mantém-se e os novos blocos a contruir nesta parcela, cuja a altura das fachadas não deverá exceder os 23 metros, serão destinados a habitação, comércio e serviços, nota o "Público".

Para a parcela sul do quarteirão, de acordo com o mesmo jornal, é proposta a construção de um edifício com dois blocos para o efeito de habitação, comércio, serviços e alojamentos turísticos além de que, segundo memória descritiva do projeto, um edifício hoteleiro com cerca de 132 a 165 quatros pode também ser uma opção, escreve o mesmo jornal.

Questionado sobre a percentagem de área de terreno destinada a construção para usos turísticos em detrimento de mais habitações, Ricardo Veludo assumiu ao "Público" ter preferência pelas habitações, referindo que o PDM "admite a possibilidade de receber aqui a atividade turística" e que esta ficará "compatibilizada com uma oferta que é predominantemente residencial". "O programa funcional do projeto tem um mix de usos que é como se fosse uma pequena cidade traduzida naquele quarteirão", afirmou.

A proposta aprovada na passada quinta-feira, 15 de abril, prevê ainda a possibilidade de uma das áreas de construção ser destinada a casas de habitação acessível, ou seja, que integrem o programa municipal de renda acessível.