Os sites oficiais da SIC e do jornal "Expresso" estão inacessíveis desde a madrugada deste domingo, 2 de janeiro, devido a um ataque informático levado a cabo por um grupo de hackers intitulado Lapsus Group. O grupo é o mesmo que, em dezembro, atacou os sistemas do Ministério da Saúde, no Brasil.

Ao entrar nas plataformas oficiais da SIC, do "Expresso" e da "Blitz", todos pertencentes ao grupo Impresa, a mensagem que surgiu durante a manhã era a de um aviso de um ataque com o grupo a ameaçar a divulgação de informação privilegiada. "Os dados serão vazados caso o valor necessário não for pago. Estamos com acesso nos painéis de Cloud, entre outros tipos de dispositivos", lê-se na mensagem.

Esta página era em tudo semelhante àquela que foi mostrada quando o grupo atacou as plataformas oficiais do Ministério da Saúde brasileiro, tal como escreve o jornal "O Povo". O ataque, no entanto, estende-se também à conta oficial de Twitter do jornal "Expresso" que, por exemplo, tem como destacada a hiperligação que remete para o canal de Telegram dos atacantes.

Sites da SIC e jornal
Sites da SIC e jornal A mensagem publicada na conta oficial de Twitter do jornal "Expresso"

"Lapsus$ é oficialmente o novo presidente de Portugal", lê-se na descrição da mensagem que faz acompanhar a hiperligação. As outras plataformas oficiais do jornal, como as contas de LinkedIn, Facebook ou Instagram, não parecem ter sido afetadas. Não se sabe qual o grau do ataque e que informações terá sido adquiridas pelos hackers.

O grupo Imprensa vai apresentar uma queixa-crime

A MAGG contactou o grupo Impresa que, numa nota oficial, confirma "que os sites do 'Expresso' e da SIC, bem como algumas das suas páginas nas redes sociais, estão temporariamente indisponíveis, aparentemente alvo de um ataque informático". Nesta fase, continua o grupo Impresa, "estão a ser desencadeadas ações no sentido de resolver a situação".

Após a hora de almoço, a mensagem dos atacantes deixou de estar visível e todos os sites afetados — como o da SIC, "Expresso" e "Blitz" — passaram a mostrar uma mensagem genérica de erro, assumindo estar "temporariamente" indisponíveis, mas mostrando o logótipo oficial do grupo Impresa. Lino Santos, coordenador do Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS), diz que esta será a primeira vez que o grupo Lapsus está a atuar em Portugal, em declarações ao "Observador".

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Além disso, garante que o CNCS está em "contacto direto" com a equipa informática da Impresa com o objetivo de "prestar o apoio necessário para perceber qual foi o vetor de intrusão". No entanto, Lino Santos diz não poder "entrar em detalhe" sobre se os atacantes poderão ter tido acesso às informações pessoais dos assinantes digitais do jornal.

Às 19 horas deste domingo, os sites do "Expresso" e SIC continuaram inacessíveis, mas o grupo Impresa emitiu um novo comunicado através do qual fez saber que "tem trabalhado com as autoridades competentes, nomeadamente com a Polícia Judiciária e com o Centro Nacional de Cibersegurança" para a apresentação de uma "queixa-crime".

Na mesma nota, o grupo fala de "atentado nunca antes visto à liberdade de imprensa em Portugal na era digital".

*Texto atualizado às 19h33 de domingo, 2 de janeiro, com novo comunicado enviado pelo grupo Impresa, que fez saber que apresentará uma queixa-crime.