André e Veronika estavam prestes a receber o segundo filho quando perceberam que algo não estava bem. É que, às 38 semanas de gestação, foram informados, aquando de uma ecografia de rotina, que o coração do bebé, agora com 4 anos, era maior do que o normal. Foi assim que descobriram que Tiago tinha uma doença rara, chamada Anomalia de Ebstein.
"Trata-se de uma malformação da válvula tricúspide do coração. A válvula, além de estar mal formada, está deslocada, ou seja, não está no sítio onde deveria estar", conta o pai do menino, André Silva, em conversa com a MAGG. "Há casos ligeiros, em que as pessoas até conseguem fazer a sua vida normal sem necessitar de uma cirurgia, não é o nosso caso", continua.
Devido a esta doença, que se manifesta de forma severa no menino, Tiago tem muitos problemas de saúde. O coração funciona com menos eficiência, o que significa que "arritmias, falta de ar e cansaço" são alguns dos sintomas que vai tendo no dia a dia – e para os quais está medicado. Em último caso, tudo isto pode culminar numa paragem cardíaca.
De facto, "o Tiago não devia estar cá", esclarece André, acrescentando que os dias que a criança tem vivido são "um milagre". Isto porque, a seguir ao parto, o casal foi informado de que o menino teria apenas quatro dias de vida. Acabou por conseguir melhorar e, depois de um mês na unidade de cuidados intensivos do hospital onde nasceu, na Eslováquia, estava em casa.
A luta não se ficou por aqui, sendo que André e Veronika foram avisados de que Tiago teria de ser submetido a uma intervenção cirúrgica eventualmente. "Disseram-nos que o indicado seria entre os 3 e os 5 anos, porque o coração dele estaria maior, mais forte e haveria mais probabilidades de sobreviver", explica o pai. Embarcaram, então, numa jornada que os levou a visitar "diferentes médicos em vários países", como Portugal e a Eslováquia, onde vivem até hoje.
Até que chegaram a um grupo de apoio no Facebook, no qual se falavam apenas de dois médicos experientes neste âmbito. E perceberam que aquele que teria a chave do problema do menino seria um médico brasileiro que vivia nos Estados Unidos, José Pedro da Silva, que havia tirado muito tempo da sua carreira para se debruçar sobre esta doença – e que tinha desenvolvido um método completamente novo.
"Toda a gente que sofria desta doença tentava reparar a válvula tricúspide com tecido animal, tentando reconstruí-la", começa por explicar Tiago. "Nas crianças, há um problema: elas crescem, o coração também, mas esse tecido não cresce", continua. Por isso, de tempos a tempos, Tiago teria de ser submetido a uma nova cirurgia – uma necessidade que, recorrendo ao método de José Pedro da Silva, deixava de existir.
Chama-se técnica do cone, um procedimento que "utiliza o tecido do próprio coração" do paciente. Isto significa que, "à medida que o coração vai crescendo, também o tecido vai aumentando", pelo que parece a forma mais definitiva que corrigir o problema de que o pequeno Tiago padece.
Está tudo preparado para que o menino possa ser submetido a esta operação, tendo em conta que até José Pedro da Silva já analisou o caso. Falta apenas uma coisa para que o casal consiga salvar a vida do filho: 172 mil dólares (o equivalente a cerca de 160 mil euros), no total. André e Veronika já conseguiram angariar cerca de 50 mil dólares (quase 46 mil euros). A família está a aceitar donativos, tendo criado uma angariação de fundos na plataforma GoFundMe. Mas há mais formas de ajudar – saiba como.