O Tribunal de Instrução Criminal de Santarém anulou a acusação do Ministério Público (MP) sobre a morte de Sara Carreira, cantora de 21 anos que morreu a 5 de dezembro de 2020, no seguimento de um acidente de viação na A1. Ivo Lucas, condutor do carro onde seguia Sara e namorado da cantora, e a fadista Cristina Branco foram acusados de homicídio por negligência, acusação agora anulada por uma juíza do tribunal de Santarém, que alega existir uma "nulidade que abrange a acusação" e remeteu o documento novamente para o MP, avança o "Correio da Manhã" esta terça-feira, 15 de fevereiro.
Ivo Lucas e Cristina Branco estavam acusados por homicídio por negligência no caso da morte da jovem de 21 anos: segundo a acusação, o namorado de Sara Carreira seguia em excesso de velocidade na altura do embate, e também não tomou as devidas precauções tendo em conta as condições da estrada no momento; já a fadista também foi acusada do mesmo crime devido ao MP considerar que, depois do choque do seu carro numa outra viatura, Cristina Branco não sinalizou devidamente o acidente anterior, contribuindo para o despiste do carro de Ivo Lucas e Sara Carreira.
Um terceiro condutor, com uma taxa de 1,18 gramas de álcool por litro de sangue e que terá estado na origem da cadeia de acidentes, também foi acusado, mas apenas de condução perigosa, e não de homicídio por negligência.
Após anular a acusação do MP, a juíza do Tribunal de Instrução Criminal de Santarém mandou o procurador refazer o documento. Para a magistrada, na acusação não é referido se o crime de homicídio por negligência é simples ou grosseiro, salienta o "CM", e também não é explicada a razão que levou a que o condutor que acusou uma taxa de álcool no sangue tenha ficado de fora da acusação de homicídio por negligência. Assim, o procurador do MP tem duas opções: refazer o documento da acusação com os pontos clarificados, ou requerer nova produção de prova.
Em janeiro de 2022, Tony Carreira, pai de Sara Carreira, pediu a abertura de instrução no processo para clarificar alguns elementos, nomeadamente o porquê da não inclusão do terceiro condutor, alcoolizado, na acusação de homicídio por negligência — justamente um dos pontos que levou a juíza do tribunal de Santarém a anular a acusação do MP.