Miguel Milhão, fundador da Prozis, famosa empresa de nutrição desportiva, está novamente no centro de uma polémica relativa ao aborto. Ao que tudo indica, soube-se que o empresário, que já se tinha feito ouvir sobre a sua opinião contra a interrupção da gravidez, sendo totalmente contra, financiou um vídeo antiaborto que está a ser transmitido na televisão, e já gerou bastantes críticas. Associação Escolha já fez queixa à ERC.

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Tudo começou na manhã desta segunda-feira, 26 de maio, quando as redes sociais se incendiaram por causa do anúncio transmitido na TVI pela primeira vez durante o fim de semana. Aqui, vê-se uma jovem de 23 anos, Joana, deitada numa sala de operações, enquanto revela que quer fazer um aborto. Depois disso, começa então a dar o videoclipe, com a letra que canta Joelisa Campos, a artista, a ser contada do ponto de vista da alegada criança que será abortada. 

Na melodia ouve-se versos como “Sou eco do impossível”, “Sou um milagre”, “Sem medo do que aí vem”, “Sou um guerreiro”, entre outros, enquanto se vê uma fila de mulheres a tirar senha (exatamente como se estivessem na parte da charcutaria do supermercado) para fazerem um aborto. A música tem como nome “Obrigado Mãe” e o anúncio conta com apenas 30 segundos, mas bastou esse meio minuto para que as redes sociais tomassem uma posição contra o videoclipe e contra Miguel Milhão.

Durante a tarde de segunda-feira, 26 de maio, soube-se que a Associação Escolha apresentou uma queixa à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), pedindo ainda que a TVI suspendesse a divulgação deste anúncio, segundo a Lusa, citada pelo “Jornal da Madeira”. A associação, que apoia a Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) considera que a passagem do videoclipe como publicidade “representa incumprimento da Lei n.º27/2007 - Lei da Televisão e dos Serviços Audiovisuais a Pedido”.

“O vídeo, através de um contexto falso em torno do procedimento cirúrgico da IVG, faz a apologia clara ao ‘Não’ pelo Aborto, um assunto de cariz político, e é um ataque à liberdade individual de cada mulher e pessoa gestante - difundido por um canal televisivo de alto alcance a nível nacional, entre crianças e jovens”, explicou a associação, acrescentando que, num canal de televisão, é impensável “ser permitido que se difunda tamanha mentira sobre um procedimento” garantindo como a Lei do Aborto. 

Desta forma, a Associação Escolha exigiu à TVI “que cesse imediatamente o acordo publicitário firmado com Miguel Milhão (Guru Mike Millions) e que retire do ar qualquer menção ao videoclipe”, explicando ainda dará apoio a todos aqueles que quiserem fazer queixa desta publicidade à ERC. No final, a associação afirma que este videoclipe é uma escolha de quem o fez e que existe o direito de ser mostrado ao público, mas não em televisão, e sim nas redes sociais próprias.

Esta não é a primeira vez que o fundador da Prozis se vê envolvido em tamanha discussão sobre o aborto. Em junho de 2022, altura em que o aborto voltou a ser ilegar nos EUA, Miguel Milhão tornou a sua opinião sobre o assunto pública, mas esta não foi bem recebida. “Parece que os bebés que ainda não nasceram têm os seus direitos de volta nos Estados Unidos! A natureza está a curar-se!”, escreveu, numa publicação que, na altura, contou com mais de mil comentários. 

À MAGG, quando foi feita esta publicação, o fundador da Prozis explicou o seu ponto de vista, e confessou ainda a sua opinião sobre a Lei do Aborto em Portugal. “Todos têm direito a diferentes opiniões. Quanto a mim, não consigo fazer mal a bebés (...). Acho que cabe aos cidadãos portugueses decidirem que leis querem para o seu País. Já não vivo nem voto em Portugal. Quanto aos EUA, estou contente pelo caminho que a lei tomou porque acredito nos direitos das crianças que ainda não nasceram", disse.