Mais de uma semana depois de a tempestade DANA ter assolado Valência, não é apenas o número de mortos que aumenta. As polémicas também, com Carlos Mazón no epicentro de decisões que denunciam uma gestão escabrosa da tragédia.
De acordo com o jornal "El Plural", no dia em que a tempestade DANA rebentou, Mazón nomeou como diretor-geral do Interior da Generalitat de Valência Vicente Huet Ballester. Ex-alcaide de Barxeta, Ballester foi destacado para o cargo devido "ao seu conhecimento da idiossincrasia dos festejos taurinos e, em particular do 'bous al carrer'", como foi destacado por Ruth Merino, porta-voz do conselho da Generalitat, no dia 29 de outubro, citada pela Europa Press.
Licenciado em Direito, Ballester trabalhou numa empresa de embalagens sustentáveis até se ter tornado alcaide de Barxeta com apenas 29 anos, em 2011. Anteriormente, era diretor de gabinete de Vicente Mompó, presidente da Diputación de Valência. Um currículo onde não consta qualquer experiência profissional ou conhecimento académico em gestão de crise.
O que torna ainda mais polémica esta nomeação é não só o facto de este lugar ter estado sem titular durante três meses, após a saída dos elementos do partido de extrema-direita Vox do governo valenciano, mas também, como denota o jornal local "Levante", ter sido uma nomeação feita por causa da "confiança pessoal" que Mazón depositou em Ballester.
Os pormenores sobre a gestão desastrosa da catástrofe não ficam por aqui. O "El Confidencial" revela que Mazón chegou duas horas atrasado à reunião de emergência do CECOPI (Centro de Coordinación Operativo Integrado) no dia 29 de outubro. O comité de coordenação reuniu por volta das 17 horas e o presidente da Generalitat valenciana só chegou por volta das 19 horas. O alerta à população seria enviado nesse dia às 20h12, já as chuvas torrenciais tinham provocado inundações e destruição.
Segundo a sondagem da Sociométrica para o El Español, os cidadãos da comunidade valenciana dão nota negativa ao primeiro-ministro Pedro Sanchéz (2,6 pontos numa escala de 10) pela gestão da crise provocada pela tempestade DANA. Carlos Mazón fica apenas com 3 pontos e, do outro lado do espectro, os reis de Espanha, que visitaram Paiporta, a localidade mais afetada pela catástrofe, no passado domingo, 3 de novembro.
Letizia tem uma taxa de aprovação ainda mais alta que a do rei Felipe VI. A rainha alcança 7,7 pontos e o monarca 7,6. À escala nacional, 76% dos espanhóis aprovam a visita dos reis à localidade valenciana de Paiporta. Quanto à visita do primeiro-ministro Pedro Sanchéz, que teve de abandonar o local depois de ameaças, gritos e tentativas de agressão, a opinião é oposta. 68% dos valencianos e 64% dos espanhóis desaprovaram a visita.
De acordo com dados oficiais, estão contabilizados até esta terça-feira, 4 de novembro, 215 mortos na sequência da tempestade DANA. Não há dados públicos sobre o número de desaparecidos.