Há rostos com os quais crescemos e que marcaram gerações (e continuam a fazê-lo). O de Cláudia Vieira é um deles e tem sido visto em novelas, campanhas, programas e em tudo o que diga respeito à televisão portuguesa, sempre com uma presença luminosa que parece atravessar os anos com a leveza de quem sabe envelhecer bem.
Hoje em dia, aos 47 anos, a luz da atriz mantém-se e é fruto de uma rotina afinada e de uma relação com a beleza ponderada. É este amadurecimento que marca o seu regresso à L’Oréal Paris, agora como imagem da gama que testou durante oito semanas, a Revitalift Laser, já que a marca procurava uma figura portuguesa que trouxesse identificação real a mulheres que, como a artista, atravessam a década dos 40 e começam a olhar para a pele com outros olhos.
Foi exatamente sobre isso que conversámos: o que muda na pele depois dos 40, a disciplina que se ganha com a idade, sobre a serenidade com que se aprende a aceitar o espelho (e também sobre o que ainda é possível transformar). À MAGG, Cláudia Vieira fala da rotina que segue hoje, dos produtos que escolhe, da vida que tantas vezes desafia a pele, da importância do descanso quando ele existe. No fundo, fomos descobrir a forma como a atriz cuida da pele.
Os cuidados de pele sempre estiveram lá
Cada vez mais, todas as marcas prometem elixires poderosos, que se assumem quase como máquinas do tempo, para ajudar a reverter as marcas que, inevitavelmente, a vida vai deixando na nossa pele. E por mais apelativas que essas soluções sejam, temos que ser realistas: não vão funcionar como deveriam se a preocupação com a saúde cutânea só se manifestar quando os danos já são evidentes. Por isso, a pergunta era inevitável: a disciplina de Cláudia Vieira nasceu cedo ou chegou com a maturidade?
A atriz descreve um percurso honesto, dizendo que sempre foi "descontraída", mas nunca descuidada. "Era pouco preocupada em estar produzida, mas muito preocupada em estar bem, em cuidar de mim", frisa, acrescentando que "não foi a partir de um determinado momento" que essa consciência surgiu. Foi, por outro lado, o culminar de uma vida rodeada de mulheres, como a avó e a mãe, que cuidavam da pele de forma simples, mas absolutamente eficaz.
Assim, desde cedo, teve o instinto de que cuidar da pele deveria ser quase tão automático quanto beber água. E, mesmo nos anos adolescência-adulta, quando a vida acelera e o sono escasseia, nunca caiu na tentação de ir para a cama maquilhada. “Nunca tive essa coisa de acabar uma borgueta e não me desmaquilhar", admite, dizendo que "o respeito que tivemos por nós próprios durante a nossa vida" é um princípio que sempre teve em mente.
Com o tempo, essa descontração transformou-se numa consciência ainda mais afiada. A partir dos 40, começou a olhar para a pele com mais exigência, mais atenção ao detalhe e mais vontade de alinhar resultados com bem-estar. A mudança não foi abrupta, mas gradual e feita de pequenas revelações diárias. Uma linha mais marcada, um toque de flacidez, manchas que demoram mais a sair. E não com dramatismo, sendo que, para Cláudia Viera, este despertar "é sobre respeito" e jamais sobre combate.
Por isso, este capítulo trouxe-lhe também outra valência: um filtro apurado. Deixou de querer tudo e, hoje, admite querer apenas o que funciona garantidamente. Procura fórmulas eficazes, texturas que a pele reconhece, gestos que possa repetir sem desgaste. Pelo que, trocando por miúdos, resultados, simplicidade e coerência tornaram-se a tríade mágica que alicerça a sua definição de autocuidado.
O que realmente funciona para Cláudia Vieira?
Quando sintetiza a rotina de hoje em dia, Cláudia Vieira fala de três pilares: limpeza obsessivamente bem feita, hidratação consistente e produtos com eficácia. A isto junta outros hábitos que são aliados poderosos da beleza. "Precisamos de muita água, de nutrientes nutritivos, de prática de exercício físico", algo que faz parte da sua rotina religiosamente, conta-nos, tendo a consciência de que "o cuidado que temos de ter connosco está nas nossas mãos".
Claro que isto é tudo ainda mais importante se tivermos em conta que, por trabalhar em televisão, vive sob luzes que amplificam tudo (e até o que preferíamos que ficasse escondido). Horas seguidas de maquilhagem, pó, retoques, calor, desgaste, noites longas, madrugadas que se alongam em demasia fazem parte da sua rotina e, inevitavelmente, desidratam, inflamam e aceleram os sinais da idade.
Cláudia Vieira conhece essa realidade como poucas e aceita-a com leveza, palavra de que, admite, tanto gosta. "Logo à noite, eu já vou estar um bocadinho mais velha do que acordei hoje. É uma realidade muito óbvia e essa aceitação é meio caminho andado", afiança. Por isso, deixa uma dica que acaba por ser a mais valiosa que tem em carteira: não descurar o período noturno, altura em que a pele melhor se regenera (mas não só).
"O que é que fizemos antes [de ir para a cama] a nível de ajudar a que o nosso sono seja mesmo reparador? De que é que nos alimentámos antes? E que hábitos de skincare temos?", reitera, referindo-se a esse período, também, como o momento perfeito para uma introspeção. Afinal, se controlarmos os "pensamentos que temos", vamos sentir que está tudo um "bocadinho sob o nosso controlo" – e essa certeza vai espelhar-se no rosto, acredita.
Envelhecer à vista de todos (e, ainda assim, estar em paz)
Aos 47, em televisão há 21 anos, envelhecer é uma experiência pública. Cada linha, sombra ou alteração é vista, comentada, discutida. Ainda assim, Cláudia Vieira encontrou uma serenidade rara neste processo. “Se pusermos o envelhecimento como algo tão real como respirarmos, é meio caminho andado", admite. Não romantiza, não dramatiza, mas aceita de forma ativa, construtiva e, sobretudo, consciente.
Quem poderá tê-la ajudado nesta missão? A resposta talvez resida na avó de 93 anos, sobre quem fala com uma admiração que até o timbre de voz faz mudar. Encara-a como uma referência, dizendo que é "uma mulher linda", apesar de "ter uma pele super enrugada, como é óbvio". Talvez venha daí também a coragem, porque há que se munir da mesma para fotografar-se sem maquilhagem, em enfrentar uma máquina que expõe tudo com "crueldade", segundo define.
No fim, a conversa voltou ao início: o respeito de quem tem a consciência de que sempre cuidou de si e que, por mais rugas que apareçam, estas não são sinónimo de desmazelo, mas da passagem inevitável do tempo. "Se eu tive os cuidados, se os fui fazendo ao longo da minha vida, se eu tive um respeito gigante por mim própria, vou sentir-me sempre de consciência tranquila", remata a atriz.