Todos os dias surgem novos produtos e técnicas na indústria de beleza, nomeadamente nos cuidados de pele. Às tantas, somos confrontados com tanta informação que se torna difícil saber a diferença entre o que devemos ou não seguir. Mas mesmo que faça parte do outro lado da força – isto é, se já tem uma rotina formada –, convém também saber que esta não é imutável.

Infelizmente, não existe uma poção mágica que nos garanta juventude eterna e a nossa pele passa por várias etapas durante a vida, fazendo com que as suas funções biológicas comecem a decair. Há "alterações hormonais, da função imunológica e da flora microbiana da pele", ou seja, os micróbios que nela habitam, assim como a diminuição da "produção de sebo, do colagénio e da capacidade de retenção de água", como explica Catarina Santos, especialista em Medicina Estética da My Clinique, à MAGG.

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o Doutora Catarina Santos, My Clinique. créditos: Instagram

É por isso que todas estas mudanças, que são inevitáveis, "exigem um cuidado redobrado, acompanhando as várias fases da vida, para se ter a pele com uma aparência interessante". Aliás, como diz a especialista, "a pele aparenta o estilo de vida que levamos" – e que atire a primeira pedra quem não quer desfilar por aí com uma aparência de milhões.

Não se apoquente já, porque isto não pressupõe uma rotina complexa. Se é daquelas pessoas que não tem tempo, que prefere uma lista de produtos curta e eficaz ou simplesmente não sabe para onde se virar, a MAGG tem as respostas de que precisa. Tendo em conta as diferentes faixas etárias, reunimos alguns cuidados básicos (mas essenciais) que deve ter com a sua pele diariamente. Vamos a isso?

Adolescentes, não descurem a limpeza

Adolescência e turbilhão hormonal são sinónimos? Tecnicamente não, mas podiam ser. Devido à puberdade, as alterações hormonais são uma constante nesta fase da vida e, já dizia António Variações, "o corpo é que paga" (a pele, neste caso). Um dos maiores problemas é "lidar com a maior produção de sebo e obstrução dos poros", avança Catarina Santos, mas há solução.

Para os adolescentes, os cuidados são particularmente simples – e o ponto de partida assenta na limpeza. Esta deve ser feita com "produtos que tenham na sua composição ácido salicílico e peróxido de benzoílo", ingredientes-chave que se pautam por "diminuir a produção de gorduras e as infeções nas camadas superiores da pele". Isto é meio caminho andado para os mais novos se despedirem do seu maior inimigo: o acne.

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"É importante fomentar a necessidade de haver um regime, nem que seja só com limpeza com um creme-gel e um protetor solar", explica a especialista. Só assim, ao longo da vida, existirão "menos sinais de envelhecimento, menos manchas, fazendo com que o indivíduo consiga tornar a rotina mais completa à medida que vai envelhecendo", conclui.

Aos 20 anos, não muda muita coisa

A década dos 20 é a época áurea do funcionamento biológico do corpo. Traduzido por miúdos, é nesta altura que a pele está a dar tudo (e mais houvesse) em todos os aspetos. "A replicação celular faz-se muito bem, as glândulas sebáceas trabalham maravilhosamente e a pessoa vai ter a melhor pele de sempre da sua vida", afirma Catarina Santos.

Como há hidratação e brilho para dar e vender nestas idades, o foco vira-se para outro lado: ter cuidado com o fotoenvelhecimento. "É importante fomentar, desde as idades mais jovens, que o sol é o maior fator de envelhecimento", alerta a especialista, acrescentando que "o conceito de um bronzeado saudável não existe". Isto porque esta coloração acastanhada que ganhamos não é mais do que "uma resposta da pele a um agressor, que é o sol".

Neste sentido, a utilização de protetor solar de amplo espetro "é a melhor medida em termos de rotina de cosméticos". A chave é usá-lo numa base diária – mesmo em casa, uma vez que, a par dos raios solares que nos chegam através das janelas, também os dispositivos eletrónicos que usamos emitem radiação prejudicial (a chamada luz azul, contra a qual nos devemos proteger). E não, não terá de permanecer pálido o ano inteiro, sendo que existe uma grande oferta de autobronzeadores no mercado, adequada "a todos os tipos de pele e fotótipos".

Mas aos 30 há várias novidades

Lembra-se dos tempos áureos da pele de que falámos? É melhor ir fazendo as despedidas, uma vez que é a partir desta altura que todas as funções biológicas decaem, com a produção de "colagénio, elastina e a capacidade de retenção de água" a diminuir exponencialmente. A pele fica mais seca, sensível e, sobretudo, desequilibrada e há um aspeto a ter em conta: que também já não vai para nova.

Surge, então, a necessidade de atacar (com ainda mais intensidade do que na década anterior) o envelhecimento. É agora que moléculas como o retinol devem ser tiradas da cartola, uma vez que têm capacidade de "reverter os danos solares, prevenir o aparecimento de manchas e melhorar a profundidade das rugas", conta a especialista à MAGG. Por ser fotossensível, utilizá-lo à noite é o mais indicado, complementando com o uso de protetor solar (que deve ser um cuidado transversal a todas as idades).

A lista de cuidados continua a aumentar, com os produtos antioxidantes a ganharem expressão. É por esta altura que, segundo Catarina Santos, a vitamina C se torna essencial. Esta molécula é "responsável por prevenir o aparecimento de manchas e melhorar o brilho da pele", que desaparecem graças aos radicais livres que alteram o nosso ADN.

Achava que já estava tudo? Desengane-se, porque ainda há outro grupo de ativos que pode ser relevante para esta faixa etária. São os alfa-hidroxiácidos, como os ácidos glicólico e lático, uma dupla de esfoliantes químicos. Surgem como alternativa à esfoliação mecânica, que agride a pele, mas são uma arma poderosa no "combate às células mortas, à inflamação e às manchas", aponta a especialista.

Catarina Santos ainda deixa uma dica de mestre: não negligenciar o pescoço neste processo. "Esta zona do corpo revela a nossa idade verdadeira. A pele é mais sensível, tem um músculo muito frágil e é uma zona de flexão que requer alguns cuidados", frisa, acrescentando que, de forma geral, "o pescoço pode receber os mesmos cosméticos que o rosto".

Olá, 40. Olá, bombas de hidratação

Aos 40 anos, o prognóstico continua a não ser positivo, com as funções biológicas da pele em queda livre. A estas preocupações junta-se o facto de a "epiderme se tornar mais fina", com "alterações da microcirculação e menor produção de sebo" à mistura. Fundamentalmente, é a partir desta idade "que se começa a pagar a fatura dos excessos que se cometeram até então", brinca a especialista.

Os danos provocados pelo sol começam a ser cada vez mais evidentes, assim como as manchas e as rugas, que só têm tendência a multiplicar-se. Já para não falar da desidratação, que começa a fazer-se sentir com pujança. Por isso, a missão vai incidir sobre o restabelecimento dos níveis de água da pele. A resposta vem pelas mãos do ácido hialurónico.

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"Esta molécula preenche a estrutura da pele com água, tornando-a mais túrgida e diminuindo a aparência das rugas finas", esclarece Catarina Santos. Em peles verdadeiramente secas e que necessitem de um empurrão extra, conjugá-la com uma água termal é "uma autoestrada direta à derme, pois faz com que o ácido hialurónico penetre mais profundamente, hidratando com maior capacidade", aconselha.

Ainda na luta contra o envelhecimento, a niacinamida pode ser uma aliada de valor. "É um antioxidante que atua reprimindo o stresse oxidativo da pele, mas também tem alguma capacidade de melhorar rugas e manchas", refere a especialista.

Dos 50 em diante, é continuar a evitar a desidratação

"Além de tudo o resto que já vem acontecendo, existem nas mulheres alterações hormonais que vão condicionar a microcirculação, a produção de sebo e as reações imunológicas da pele", começa por explicar Catarina Santos. Isto significa que a pele continua a ficar mais fina, mais seca e mais reativa.

É a partir desta idade que se diminui a frequência da utilização de produtos de limpeza adstringentes, uma vez que não existe a necessidade de retirar excessivamente as gorduras da pele, que já são escassas. Tiram-se da gaveta, então, os sabonetes neutros, "que são mais suaves e previnem os problemas de vermelhidão", esclarece a especialista. Contudo, isto não significa que os alfa-hidroxiácidos não possam fazer uma reaparição de vez em quando, mas sempre com alguma contenção (e aconselhamento profissional).

Mas se nesta guerra contra a desidratação ninguém é capaz de hastear uma bandeira branca, basta "sacarmos da nossa arma mais poderosa, que são os retinoides de prescrição médica" para ganharmos território, avança a especialista. Estes estão presentes em fármacos manipulados por médicos dermatologistas, "com dosagens mais elevadas, fazendo com que haja um estímulo a nível da reversão dos danos solares e da produção de colagénio", que vai melhorar a flacidez do rosto, acrescenta.

E há mais dois truques que dão jeito ter na manga. O primeiro diz respeito às ceramidas, lípidos que já temos naturalmente na pele, mas que "repõem a barreira cutânea, que está bastante comprometida nesta idade", exalta Catarina Santos. O segundo incide sobre os "cremes mais untuosos, pesados, porque realmente é preciso reforçar essa gordura", especialmente através de cremes de noite, que preservem a pele durante o período noturno.

De uma coisa a especialista tem a certeza: este processo "é uma dança e é necessário haver acompanhamento, porque nem tudo funciona com toda a gente". Por isso, é necessário fazer experiências para descobrir aquilo que mais vai ao encontro das necessidades da nossa pele, sendo que esta vai mudando. Isto tudo sempre com acompanhamento profissional, que é a pedra angular de uma rotina apropriada.