Tales of Ocean & Light. É assim que se chama a nova coleção de maquilhagem de primavera/verão da Artdeco. Olhando para o nome, ninguém diria que a marca alemã se inspirou em Portugal para dar vida aos produtos da linha. Contudo, há alguma coisa que remeta mais para o País do que o oceano e a luz que se faz sentir, por exemplo, em Lisboa? Achamos que não, mas, se as dúvidas ainda persistirem, basta olharmos para o packaging e elas dissipam-se na hora, visto que são os azulejos portugueses que o revestem.

A coleção é composta por um blush, duas máscaras de pestanas (uma azul e outra preta), bálsamos labiais que reagem ao pH dos lábios, batons, sombras, eyeliners e até um pincel. Além disso, há caixas magnéticas para guardar os produtos de forma prática e sofisticada. Cada uma destas novidades foi pensada para ser esteticamente apelativa e refletir a herança portuguesa com o maior glamour possível, mas com os preços convidativos pelos quais a insígnia se popularizou.

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Mas porquê uma coleção inspirada em Portugal? Bem, ao contrário do que se possa pensar, a escolha da cerâmica portuguesa para servir de roupagem às embalagens não foi um mero capricho estético, mas uma decisão profundamente enraizada na história e cultura portuguesas. "As pessoas falam dos azulejos como se fossem apenas um elemento decorativo, mas são muito mais do que isso", diz Anna Blasco Salvat, Vice President Marketing da Artdeco, à MAGG.

"Depois do terramoto de 1755, Lisboa foi reconstruída pelo Marquês de Pombal, que percebeu que os azulejos eram uma solução funcional e mais barata do que pedras, mas também mais estética", continua. Por isso, a marca quis transportar essa tradição para o universo da beleza. O resultado? Embalagens que não só vão dar gosto de ter na carteira ou em exposição no tocadouro de casa, visto que se assemelham a autênticas obras de arte, mas que também são sensorialmente apelativas (parecem azulejos verdadeiros ao toque, diga-se).

Isto tudo porque a responsável da marca tem um apreço especial por Portugal, sendo que esteve seis meses em Lisboa, algo que lhe permitiu ficar completamente imersa na cultura não só da cidade, como do País. "Apaixonei-me pela cidade", conta-nos, dizendo que os azulejos foram aquilo que mais lhe saltou à vista – especialmente depois de ter passado também pelo Porto, onde a biblioteca municipal, com os seus murais imponentes repletos desta cerâmica, lhe ficaram gravados na mente.

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"A parede da biblioteca é tipo 'uau'. É algo para o qual não tenho palavras para descrever", explica-nos Anna Blasco Salvat, frisando que a ideia ficou a "cozinhar no cérebro, no coração e na alma". "Eu adoro transmitir isso nas coleções e dar a voz através das minhas coleções a outras culturas", afiança, não descurando que da ideia à obra-prima distam dois anos de trabalho, com várias cabeças a pensarem na melhor forma de a materializar. 

Isto porque o elemento tátil da coleção também foi uma prioridade. "Queríamos que as pessoas não vissem apenas algo bonito, mas que o pudessem sentir nas mãos. O toque da cerâmica é diferente, é emocional", explica. Para garantir esse efeito, a Artdeco trabalhou com fornecedores em Itália e no noroeste europeu, desenvolvendo um material que fosse resistente, mas que ao mesmo tempo transmitisse a sensação de que, mais do que um produto de maquilhagem, os fãs da marca estão a adquirir uma espécie de património cultural.

anna blasco salvat
anna blasco salvat créditos: Instagram

E pelo azulejo ser o grande trunfo da coleção, há até quem já tenha vindo indagar a responsável sobre se se trata de cópias da Dolce&Gabbana, conhecida por um design semelhante. "Eu respondo: 'não, isto não é Sicília'", começa por ripostar. "Eu sou de Barcelona, conheço bem o sul de Itália, mas também conheço muito bem Portugal e a influência árabe que percorre toda a Península Ibérica. Esta coleção é uma homenagem a essa riqueza cultural", reitera.

Uma coisa é certa: numa altura em que o minimalismo tem dominado as tendências, a Artdeco decidiu remar contra a corrente. "Os azulejos portugueses não são minimalistas. Eles têm história, têm detalhes. E esta coleção é um reflexo disso. Queríamos algo sofisticado, mas sem perder a autenticidade e a emoção", explica a responsável, frisando que a linha, do ponto de vista quantitativo, não deixa de ser "minimalista, porque não foram feitos muitos produtos".

Precisamente por isso é que é na sustentabilidade que reside outro dos pontos altos da Tales of Ocean & Light. "A melhor forma de ser sustentável é ser reutilizável", afirma Anna Blasco Salvat. O Blush Couture é recarregável, pelo que o produto do interior pode ir sendo substituído ao longo dos anos. Não deixa de ser interessante que, embora limitada, esta coleção tenha sido pensada para durar. "É algo que pode passar de geração em geração. Os meus filhos e os filhos deles vão poder usar estas embalagens", acrescenta.

Espreite a campanha

 A coleção já foi lançada há uma semana em mais de 50 países e, embora seja ainda difícil definir um bestseller, Anna Blasco Salvat diz que os batons têm sido os mais cobiçados. Em Portugal, o lançamento oficial da linha aconteceu esta segunda-feira, 10 de fevereiro, e esta encontra-se disponível exclusivamente na Perfumes&Companhia, com preços que se fixam entre os 5,95€ e os 27,95€ (excluindo, claro, os 25% de desconto com que a retalhista se encontra neste momento, que fazem com que os produtos estejam ainda mais amigos da carteira).

"Queremos oferecer um preço acessível no mercado, sem perder a ideia de luxo acessível, mas que dure para sempre", adianta a responsável, referindo-se ao propósito da marca. Abordando o futuro feedback da Tales of Ocean & Light, Anna Blasco Salvat espera que seja positivo. "Uma das perguntas que eu me costumo fazer é: estamos a fazer as pessoas mais felizes com nossas coleções? Estamos a criar amor e felicidade?", questiona-se ainda. Nós respondemos: com estas novidades, para o público português, certamente que sim.