Tem um nome esquisito, uma aparência extravagante, é rapper e foi condenado a dois anos de prisão. Talvez esta pessoa não lhe diga muito, mas se for perguntar aos seus filhos temos a certeza que eles dão a resposta certa: 6ix9ine. Porquê? Porque o rapper é um ídolo dos adolescentes em todo o mundo.
6ix9ine, cujo nome verdadeiro é Daniel Hernandez, viu o seu nome voltar à ribalta depois de ter saído da prisão poucos meses antes de acabar a pena devido à pandemia da COVID-19. O seu advogado alegou que a asma severa de que sofre o tornava vulnerável e, por isso, o rapper disse adeus à prisão em abril. Agora, lançou a primeira canção, que já se tornou num sucesso, e também fez um direto no Instagram que quebrou recordes: em determinado momento teve 2 milhões de pessoas a assistir, o máximo que alguma vez alguém conseguiu.
“Gooba” foi lançada esta sexta-feira, 8 de maio, no dia de aniversário do rapper e o vídeo no YouTube já conta com mais de 32 milhões de visualizações. A letra da faixa provoca os que o criticaram por ter colaborado com a polícia – o que garantiu que a pena aplicada tenha sido muito menor do que a inicial. No vídeo, aparece com um visual colorido, a sua imagem de marca, e com várias bailarinas que dançam em cima de tinta colorida.
A polémica instalou-se porque o rapper está em prisão domiciliária, mas mesmo assim esteve em contacto com todos os profissionais que tornaram o vídeo possível, explica o “The New York Times”. Os representantes do gabinete federal prisional não responderam sobre se isto seria uma violação dos termos de confinamento – tanto prisional como da pandemia de COVID-19. Ainda assim, e segundo a mesma publicação, 6ix9ine terá pedido uma permissão ao juiz para gravar o vídeo no seu quintal.
O direto que quebrou recordes
Pouco tempo depois de lançada a canção e o respetivo vídeo, o rapper virou-se para o Instagram para refletir sobre a letra. Ao direto, que durou 13 minutos, juntaram-se dois milhões de pessoas, um recorde absoluto. Durante este tempo, 6ix9ine falou sobre as acusações de cooperar com a polícia, das tentativas de homicídio que sofreu, do roubo de dinheiro e disse até que houve quem tentasse sequestrar a sua mãe.
“Eu falei”, disse no direto. “Mas era suposto ser leal a quem?”, perguntou. “Quero agradecer ao juiz por me permitir voltar para casa com a minha família”, disse ainda. “Sabem porque é que as pessoas estão chateadas? Porque acreditavam que eu estava acabado. Disseram-me: ‘Tu falaste, isto acabou para ti’. Vocês nunca poderiam cooperar com o governo e voltar. Nunca poderiam fazer isso. Eu sou uma lenda viva aos 24 anos”, acrescentou.
Daniel Hernandez poderia ter sido condenado a um mínimo de 47 anos de prisão, avança a “BBC” por atividades relacionadas com gangues. O rapper declarou-se culpado de extorsão e outras ofensas em Nova Iorque, e viu a sua pena reduzida para dois anos depois de ter colaborado com a polícia ao dar provas crimes praticados por outros membros do gangue criminal. O veredicto veio em abril de 2019, mas por ter passado já 13 meses na prisão, era suposto que o rapper saísse em novembro de 2020. Por causa da pandemia conseguiu sair seis meses mais cedo.
Rapper lançou música com Nicki Minaj
A ascensão de 6ix9ine foi quase meteórica. Em outubro de 2017 lançou a canção “GUMMO” que o catapultou para o estrelato. Com 360 milhões de visualizações no YouTube, o vídeo mostra o rapper com o cabelo colorido, com a cara tatuada, rodeado por armas, drogas e pilhas de notas. Como pano de fundo aparecem vários indivíduos vestidos de vermelho, a cor associada ao gangue Bloods.
De acordo com a “CNN”, nesta altura o rapper não fazia ainda parte do gangue. Ainda assim, fez-se valer do vídeo para aumentar a sua reputação nas ruas e, em troca disso, ajudou a financiar as operações do grupo. Em 2018 a sua carreia explodiu quando colaborou com Nicki Minaj na canção “FEFE”.
E nem o facto de ter estado na iminência de ir parar à prisão desacelerou a fama e popularidade do artista. No final de 2019, pouco antes de ser sido condenado, 6ix9ine assinou um contrato de gravação no valor de 10 milhões de dólares (9,12 milhões de euros), de acordo com o “The New York Times”.