Desde que estreou no passado dia 24 de julho, o fenómeno “Uma Mulher Normal” tem dominado o top dos filmes mais vistos da Netflix, e a verdade é que não é para menos. Produzida pelo estúdio indonésio Soda Machine Films, a narrativa ganhou força não só pelo suspense envolvente, mas também pela forma como aborda a identidade feminina, mergulhando no desconforto físico como metáfora de transformação interior. Faz lembrar um outro filme recente, certo?

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Tal como em “A Substância”, que espoletou o interesse por narrativas de horror corporal, este não é um filme para qualquer estômago, sendo um thriller psicológico que deixará qualquer espectador inquieto (mas calma, também não é ao nível do drama com Demi Moore). Aqui, a doença não identificada que toma conta da protagonista, Milla (Marissa Anita), funciona tanto como mistério clínico como um reflexo das normas sociais, com o filme a utilizar imagens de decadência física para explorar os limites entre sanidade e loucura.

A história centra-se, então, em Milla, uma socialite de 36 anos e dona de casa aparentemente perfeita, que acredita ter uma doença incurável. À medida que os sintomas físicos se intensificam e a realidade se distorce, Milla sente-se cada vez mais isolada, sentindo-se rejeitada pelo marido (Dion Wiyoko), incompreendida pela amiga (Gisella Anastasia) e julgada pela sua própria mãe (Widyawati).

Desta maneira, a sua própria casa transforma-se lentamente num palco de delírios, onde a transformação de Milla não é apenas corporal: é também emocional, como se a sua alma se sentisse encurralada. A tensão ao longo do filme promete crescer de forma subtil, sustentada por um horror físico como extensão do trauma interno, o que só deixa a produção ainda mais intrigante. Assim, é ao sabotar a sua própria “vida cor-de-rosa” que Milla encontra uma versão de si mesma mais crua e mais verdadeira.

No entanto, fica a questão: será que Milla tem mesmo uma doença física? “Uma Mulher Normal” é nada mais nada menos que uma grande crítica social aos padrões de beleza e à constante vigilância sobre os corpos das mulheres, prometendo ser a narrativa perfeita para um serão de fim de semana à tarde. Entre delírios, aparências e silêncio, o filme quer deixar qualquer espectador sem reação (e não só pelo que mostra).

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