A cantora espanhola Eva Amaral está a dar que falar, depois de, na madrugada de domingo, 13, ter surpreendido o público do festival Sonorama Ribera, em Aranda de Duero, Espanha. Isto porque a artista, durante o seu concerto com o guitarrista Juan Aguirre, com quem compõe o Duo Amaral, despiu-se e ficou nua da cintura para cima – e ainda aproveitou a oportunidade para fazer um discurso sentido, homenageando as mulheres da indústria musical.

Antes de cantar "Revolución", um dos seus êxitos mais conhecidos, a cantora de 51 anos começou por mencionar os nomes de algumas artistas que já terão sido censuradas pela sua arte. "Isto é pela Rocío. Pela Rigoberta. Pela Zahara. Pela Miren. Pela Bebe", exclamou, segundo o "El País", acrescentando: "Porque ninguém pode tirar a dignidade da nossa nudez. A dignidade da nossa fragilidade, da nossa força. Porque somos muitas".

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Depois, continuou o discurso. "Eles não poderão passar por cima da vida que queremos herdar. Onde não tenho medo de dizer o que penso. Porque hoje é o dia da revolução", frisou, aproveitando para tirar o top de lantejoulas que levava e ficado com as mamas à vista. E foi assim que o concerto da dupla, que servia de marco aos 25 anos em que têm dividido os palcos, se tornou um ato de reivindicação pela emancipação feminina.

O concerto contou com uma plateia composta por 35 mil pessoas e, de acordo com a publicação espanhola, foi um espetáculo em que a euforia era palpável – especialmente depois de a cantora ter ficado nua e ter começado a cantar "Revolución" com recurso a um megafone.

"Esta noite foi um dos momentos mais bonitos da história da banda", afirmou Eva Amaral no rescaldo da atuação, segundo a mesma publicação, acrescentando que ainda não havia assimilado este acontecimento. "Não paramos de evoluir e o mais bonito é saber que o nosso público evolui connosco, até chegarmos a um dia como hoje", continuou Juan Aguirre.

Os artistas fizeram-se acompanhar do diretor do Sonorama Ribera, Javier Ajenjo, que aproveitou para deixar umas palavras sobre o episódio. "O Sonorama Ribera é o festival da música e da liberdade. Num país onde as coisas começam a complicar-se por tudo. Os valores e a educação perdem-se. O gesto da Eva resume perfeitamente o que Sonorama quer fazer: ser um festival de música e, portanto, de liberdade. Eles lutam por igualdade e tolerância", disse, frisando que não atribuiu o título de "provocadora" à atitude da cantora.

Nas redes sociais, Eva Amaral deu que falar. Houve quem tenha criticado a cantora, dizendo que esta só procurava promover o seu disco, mas também houve quem a aplaudisse e lhe agradecesse pela coragem. "Poucos artistas do seu nível se comprometem e dão a cara e o corpo para defender os seus valores. Longa vida a Eva Amaral", disse um utilizador. Mas os anónimos não foram os únicos a manifestar-se.

Uma das artistas que mencionou no seu discurso, Rocío Saiz, aproveitou a ocasião para deixar umas palavras à cantora. "Eva, fui criada com a tua música, cantava as tuas letras com o coração em pedaços, sonhava com parecer-me contigo, ter essa força desmedida e colossal", lê-se no Twitter.

"Não só és a melhor voz deste país, [como também] és uma líder, uma irmã, uma xamã e uma companheira. Não me restam lágrimas. Obrigada", concluiu Rocío Saiz, que, recentemente, na Marcha do Orgulho de Murcía, foi obrigada a parar o concerto por cantar com o peito de fora, de acordo com a "The Olive Press".