Carina Caldeira, 41 anos, anunciou esta segunda-feira, 30 de setembro, que estava de saída do Porto Canal após 17 anos, sendo que fazia parte da equipa fundadora, desde 2006. A apresentadora de televisão e influenciadora digital conduzia o “Glitter Show” há oito anos, um projeto criado a 100% por si, e o “Glitter Late Night”.
A despedida “tem um sabor duplo”. “O de sentir que estou realizada e que fiz um trabalho ótimo, mas ao mesmo tempo é sempre difícil dizer adeus. É um misto de emoções, porque foram muitos anos, mas eu acho que a vida é assim e está numa altura de mudar o ciclo e de ir para a frente. Estou muito entusiasmada com as novidades. Já eram oito anos de programa e eu sou da opinião de que quando tu estás muito confortável é altura para dares o salto para outro lado”, explica à MAGG.
Carina Caldeira conta que “foi uma saída muito pensada” pela própria, pela sua equipa e pela sua agência, a Notable. “Foi tudo feito com muita estrutura e mesmo o meu processo de saída com a nova administração correu muito bem, fui muito bem tratada, as pessoas compreenderam e acho que isso é o essencial”, revela.
A decisão de sair veio com a vontade “de mudar, de fazer coisas diferentes”, de sair da sua “zona de conforto”. “Sentia que estava ali, estava bem, mas já não estava a crescer”, admite. Além disso, “novos desafios foram propostos” e a apresentadora de TV decidiu “aceitá-los”, sendo “incompatível” conciliar.
Mas que desafios são esses? “O ‘Glitter’ como forma de estar na vida não vai morrer, nós vamos continuar e vão haver novidades amanhã [quarta-feira, 2 de outubro] sobre isso, com uma plataforma também que acaba por se transformar em ‘Glitter Dream’. Vamos transformá-lo numa plataforma que é o ‘Glitter Dream’, onde vamos continuar a fazer esta magia de trazer mais brilho à vida das pessoas”, adianta, acrescentando que será algo “mais online” e “diferente”.
E as novidades não ficam por aqui. “Mais para a frente, vamos ter outro projeto grande”, diz, não podendo revelar mais detalhes, já que “estão envolvidas outras pessoas e outras coisas”. Contudo, avança que “a televisão vai voltar, mas não é para já”.
“Estou muito entusiasmada. A parte boa é que é com a minha equipa, a equipa do Porto Canal vem comigo para esse projeto grande que eu também estou a criar e isso é espetacular. Poder continuar com a mesma equipa, para mim, eu acho que foi sempre aquela coisa que me faz aceitar as coisas, porque teres a tua equipa sempre contigo dá-te uma segurança diferente”, explica.
Quanto aos 17 anos no Porto Canal, Carina Caldeira considera que foi “um percurso, acima de tudo, de muita paixão” pelo que faz. “Quando tu estás num canal pequeno não tens os meios, estes são poucos, o dinheiro é pouco e tu aprendes a fazer televisão com pouco. E é possível. Às vezes as pessoas pensam que é preciso muito dinheiro, equipas muito grandes para fazer as coisas bem feitas, e tu no Porto Canal não tens isso: fazes com pouco, mas dão-te liberdade para fazeres à tua maneira. Acho que isso é espetacular”, confessa.
“Tive a oportunidade de errar, de aprender e é bom tu teres essas oportunidades, porque normalmente a televisão não te dá essa margem de erro, os grandes canais, os canais generalistas. Eu acho que o cabo é, sem dúvida, um mercado que cada vez está a crescer mais. Estão a apostar muito forte no cabo e o cabo dá-te isso, a oportunidade de errares, de fazeres as coisas sem grande pressão de audiências, sem grande pressão da máquina dos canais generalistas”, continua.
Carina Caldeira sente que cresceu muito “como pessoa e como profissional”. “Consegui criar uma marca como o ‘Glitter’, que eu acho que hoje em dia é uma marca e eu nunca vou deixar morrer isso, por isso é que vamos ter o ‘Glitter Dream’ e é um modo de vida, e fazer as pessoas felizes e contentes. Foi o meu objetivo e consegui”, reflete.
“Eu não tenho medo do cancelamento, costumo dizer que tenho diarreia verbal"
Para a influenciadora digital, ‘glitter’ é uma forma de estar na vida. “É uma forma de estar positiva. A vida não é sempre cor-de-rosa, infelizmente, adorava que fosse, mas não é. Há dias cinzentos, como o de hoje (risos), e cinzentos interiormente e eu acho que o ‘glitter’ é isso: transformares as coisas más que estão a acontecer na tua vida ou na tua cabeça, ver sempre o lado positivo das coisas e pegar nos pequenos sinais que te aparecem e transformá-los em glitter e em brilho, porque mesmo nas coisas piores do mundo, há sempre alguma coisa que se aprende”, explica.
“É muito importante também falar de selfcare, de comportamento, de tomarmos conta de nós próprias. Acho que, hoje em dia, há muita pressão para uma pessoa ser perfeita e não há pessoas perfeitas. É uma forma de continuarmos a espalhar brilho por aí”, continua.
Além de espalhar brilho na TV e nas redes sociais, Carina Caldeira não tem filtros e é bastante transparente, algo que considera ser um fator distintivo numa altura do politicamente correto e com medo do cancelamento.
“Eu tenho uma comunidade já há muitos anos, é muito fiel. As pessoas cresceram comigo, viram-me sem ter filhos, entretanto viram-me a ter a minha filha, o meu filho. E quando realmente tens uma comunidade de muitos anos, é impossível mentires e não seres de verdade, porque as pessoas sabem”, garante.
“Eu não tenho medo do cancelamento, costumo dizer que tenho diarreia verbal, não penso muito nas coisas que faço, é uma coisa em que tenho de trabalhar. Acho que tem de ser assim e, às vezes, se erras e dizes merda, toda a gente tem dias maus, toda a gente erra, toda a gente faz asneiras um dia e não tem mal nenhum. É um bocadinho como quando estás no ar em direto em televisão, estás mal, cais, dizes alguma coisa mal. Assumes, aconteceu e andas para a frente. Se no digital estiveres muito preocupada em fazer bonito, com o cenário perfeito e dizeres as coisas perfeitas, esquece, eu acho que não passa a verdade. É muito raro eu ver um story que ponha, é uma coisa mesmo estranha. Eu faço e nunca sequer vou ver o que fiz e assim também consegues ir pintando o teu dia sem essa pressão”, diz à MAGG.
Para Carina Caldeira, o segredo de conciliar a apresentação, as redes sociais e a maternidade é “muita organização” e ter “equipas em que confias e delegar”. “É impossível fazermos tudo. Eu tenho ajuda em casa, não escondo isso, tenho a minha equipa da Notable que está comigo há muitos anos e ajuda-me em tudo, tenho a minha equipa mesmo do ‘Glitter’ que continua comigo e acabas por ter de ter várias frentes e organizares-te com as tuas pessoas de confiança. Se tu te organizares e quiseres, tu consegues. Chegas a casa toda rota, mas faz parte da vida e do crescimento (risos)”, partilha.
A influenciadora digital não se inibe de mostrar a sua jornada da maternidade nas redes sociais, mesmo sendo este um tema polémico. “Não sinto nenhum hate, porque eu acho que sou uma mãe positiva, divertida e que leva as coisas de uma forma tranquila. (...) Hoje em dia há muito esta coisa das pessoas se anularem para serem mães e eu sou exatamente o oposto: eu sou mãe, mas a minha prioridade sou eu. Isso é uma coisa importante e que eu quero transmitir às mulheres. Mas quem o faz está tudo bem, uma pessoa aceita”, afirma, explicando que mostra “a ajuda” quem tem para que ninguém se sinta “impotente”.
Carina Caldeira tem dois filhos, Constança, 3, e Francisco, 1, fruto da relação com Francisco Cardia, e considera a maternidade “muito difícil”. “Há noites mal dormidas, toda a gente as tem, há birras. Então com dois muda muito, muita mesmo muito de um para dois. Mas depois é aquele cliché que é verdade: no fim vale tudo a pena, se fizeres com amor”, partilha.