Comunicadora, apresentadora e empresária. A sua vontade de fazer sempre mais reflete-se nos múltiplos projetos em que se tem metido ao longo da carreira. Agora, tem mais um desafio: é a nova embaixadora do Fonte Nova, um centro comercial icónico em Lisboa, que celebra o 40.º aniversário.

Além de dar a cara por este espaço, entre a televisão, a direção do V+, onde desempenha funções de diretora-adjunta, e a sua empresa, continua a reinventar-se. Em entrevista, fala-nos desse desafio, que veio depois de ser senior advisor da entretanto extinta TVI Ficção, do sucesso do programa "Para Si", que apresenta no novo canal, e, sobretudo, da sua paixão por contar histórias.

Não descura que o caminho deste novo projeto tem sido de crescimento e adaptação, mas não tem dúvidas de uma coisa: está a trabalhar, em conjunto com toda a equipa, para torná-lo um canal temático de referência. Entre a gestão e a criação, o seu papel tem evoluído, à MAGG, revela como equilibra as suas várias facetas e o que mais a motiva neste percurso.

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Além da televisão e dos negócios, há um lado muito pessoal que define Ana Rita Clara: o seu papel como mãe do pequeno Caetano, atualmente com 8 anos, que é a sua maior realização. Fala-nos da relação especial que têm, dos momentos únicos que vivem juntos e de como equilibra o tempo entre o trabalho e a família. Afinal, ser mãe é, para ela, o papel mais genuíno da sua vida.

E, claro, não podia faltar a reflexão sobre o futuro. Como vê a Ana Rita Clara de hoje a mulher que foi há uns anos? Com orgulho, gratidão e uma vontade insaciável de continuar a construir. Falámos com a apresentadora de televisão sobre tudo o que se passou nos últimos meses – e do que ainda está para vir.

Leia a entrevista

A Ana Rita é a nova embaixadora do Fonte Nova. Como é que surgiu esta oportunidade de dar a cara por um centro comercial com tanta história e que acaba por ser icónico em Lisboa?
Completamente. O Fonte Nova é um ponto de encontro de muitas pessoas, de toda uma comunidade, com muita qualidade, onde as famílias e todas as pessoas também gostam muito de estar e frequentam bastante, portanto faz parte da história não só daquele lugar e daquele espaço, mas também de muitas vidas. Foi um privilégio e uma grande honra também ser embaixadora deste centro comercial. O convite surgiu por parte mesmo do próprio Fonte Nova, que viu em mim uma boa representante também de todas estas épocas que já passaram e que fazem parte também da vida de tantas famílias.

É um centro comercial que acaba também por ser muito resiliente, porque subsistiu ao aparecimento de muitas outras superfícies comerciais na zona e não só. 
Sem dúvida alguma, representa essa resiliência, representa também essa persistência, essa renovação constante, essa modernização. A própria campanha está muito bonita, sou eu em quatro épocas distintas e foi um desafio muito divertido também de agarrar e de fazer, deu-nos um gosto enorme também de poder vestir estas épocas diferentes. Identifico-me muito [com esses valores] e isso foi um motivo pelos quais também aceitei este convite, porque prezo muito isso no espírito humano e no empresarial. O Fonte Nova é um exemplo do ser português, do ser atual, de poder resistir à chegada de, neste caso, às grandes superfícies e de outra modernização, mas de estar sempre a par do que é atual.

A Ana Rita é aquela mulher que nunca para e deve ter outras cartas na manga a nível de projetos. O que é que pode adiantar?
Verdade seja dita que eu, de facto, sou muito enérgica e criativa e estou sempre com bastantes desafios ao mesmo tempo. Para além do cargo que tenho atualmente como diretora adjunta no V+ e do programa diário que apresento, "Para Si", e desta campanha [do Fonte Nova], tenho também vários projetos que vou também agilizando e criativamente colocando em prática com a minha empresa. Existem os short films, que são os "Beauty Diaries" com a Clarins, por exemplo, que é um conceito que criei e que estou a desenvolver com a marca, que é um dos projetos que maior também satisfação me dá e me realiza.

Para além de outras coisas também quero desenvolver e criar. No lado da televisão, novos conceitos e de facto esta luta diária que temos com o V+ em crescer e em ser um marco na nossa televisão. O "Para Si" tem sido um programa vencedor, sobretudo na sua diferenciação, com dois convidados diferentes todos os dias e nesta partilha genuína de histórias. Além disso, também será um ano em que acredito que a minha organização Change IT poderá estar de volta.

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Estava a falar do V+. Já se passaram uns meses desde que o canal foi para o ar. Na prática, sendo que passou da SIC Mulher para a TVI Ficção e, subsequentemente, para o V+, com os cargos a mudarem ao longo do tempo, o que é mudou no seu papel?
Bem, parece muito tempo, mas são apenas três anos. E em três anos, depois de vir a pandemia e de tudo o que era o mundo da televisão e não só ter mudado, de facto tomei aqui algumas atitudes e tive mudanças na minha vida. Criei o programa "Humanos", que vendi à TVI na altura e que foi um caso de sucesso, no sentido de serem histórias muito reais e humanas, e que me deu um gosto muito, muito grande. É a minha veia de produção, de criação que eu gosto muito. É uma vertente minha que sempre tive ao longo dos anos e que sempre terei e que procuro sempre desenvolver cada vez mais. Nesse sentido, o cargo de Senior Advisor na altura para a TVI Ficção foi algo muito prazeroso e um desafio enorme porque eu também ia para um cargo de gestão e de agarrar num canal que tinha um enorme potencial.

E a partir de todo o trabalho desenvolvido consegui, de facto, que o canal se tornasse num canal temático de referência – e que isso, porventura, tivesse catapultado a criação deste novo canal. As minhas responsabilidades têm vindo a aumentar e têm sobretudo ido ao encontro daquilo que eu sempre procurei fazer em televisão, que, para além de comunicar, é apresentar, estar à frente das câmaras, que é algo que me dá muito prazer. Mas depois também gosto muito do outro lado de criar os conceitos e os programas, gerir a equipa, perceber também os desafios individuais que existem dentro de uma estrutura, perceber a máquina da televisão como um todo. Portanto, tem sido muito importante para mim este crescimento.

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De facto, em 2023, a MAGG fez-lhe uma entrevista em que disse que nunca quis "fazer televisão para aparecer". Atualmente, tem um cargo de chefia. Foi sempre algo que teve na mira ou veio por acréscimo?
Eu sempre fui empreendedora, enérgica e muito criativa e tenho uma empresa minha com a qual crio imensos projetos há muitos anos, paralelamente ao meu trabalho em televisão. Portanto, para mim sempre foi muito natural criar. Isso faz parte do meu ADN e é aquilo que também me move. Portanto, eu acho que foi uma evolução e uma consequência natural do meu trabalho. O convite que, mais tarde, ocorre para a TVI Ficção foi a consequência também de ter revelado esse tipo de potencialidade, de alguma versatilidade e talento para esse cargo.

Estando num cargo de chefia, alguma vez sentiu que não era capaz? Por, como ainda ouvimos dizer, os cargos de chefia ainda pertencerem muito a uma esfera masculina.
Não, nunca. Acho, inclusivamente, que devem dar mais oportunidade a mais mulheres para poderem demonstrar também todas as suas capacidades. Estou num grupo que até pretende que isso também se altere, não é? Ou seja, ter mulheres também em cargos de gestão e de direção à sua própria estrutura. Portanto, as questões e os desafios diários têm todos a ver com o querer sempre fazer mais do que às vezes aquilo que é possível. Estar constantemente a fazer omelete sem ovos, que é uma realidade que já conheço há muitos anos.

ana rita clara
ana rita clara créditos: Instagram

Sim, em outubro, dois meses depois de o V+ ir para o ar, disse à "Selfie" que o canal ainda tinha algumas fragilidades. Passados estes meses ainda, já conseguiram ultrapassá-las?
Estamos na luta constantemente, todos os dias, tal como qualquer outro canal naturalmente – e o nosso meio também exige isso. Mas são as dificuldades normais e as dores de crescimento de quem lançou um canal novo, vindo de uma TVI Ficção, que estava com umas audiências e um alcance muito bons. Portanto, [o V+] ainda tem que entrar na mente das pessoas, na sala de estar das famílias e isso também demora o seu tempo. É um momento que exige paciência, uma programação e reprogramação constantes – até para realmente irmos ao encontro do nosso público, que agora tem uma oferta bastante diferente daquela que tinha no outro canal.

Então, qual é o objetivo final?
Queremos ser a alternativa que faltava, o canal que faltava, com muita alegria, boa disposição e descontração, mas sobretudo com muita qualidade e sermos também um dos canais temáticos com maior relevância. Gostaríamos de que todas as famílias e todos os portugueses gostassem muito de nos ver e que nos seguissem. É por isso que trabalhamos todos os dias.

Como dizia há pouco, tem o seu programa no V+, no qual entrevista duas pessoas ao mesmo tempo. É um desafio? Sendo que, muitas vezes, os convidados são de duas áreas completamente distintas.
Sem dúvida, mas foi esse mesmo o propósito quando criámos este conceito. A ideia era mesmo essa. Eu já apresento programas há algum tempo e até já conduzi a programas de entrevistas individuais a um convidado apenas e é algo que nós também já temos muito presente em antena no nosso País e, portanto, achámos que seria importante ter algo diferenciado. Portanto, para mim, fazer esta ginástica mental, fazer esta agilização entre conversas, entre pontos de vista, entre vidas e, pelo meio, fazer uns momentos mais descontraídos, é absolutamente desafiante. É um programa que suscita em mim coisas diferentes todos os dias, que me permite fazer uma pesquisa que vai para além do óbvio, que era isso que eu pretendia – porque, num País também tão pequeno como o nosso, como se compreende, todas as pessoas já foram entrevistadas.

Disse que é preciso muita ginástica mental no "Para Si". Se fosse a Ana Rita no lugar de entrevistada, quem é que acha que teria essa mesma ginástica mental para a entrevistar?
Confesso que gosto mais de ser entrevistadora, porque não tenho estado tanto no papel de entrevistada. Mas, de facto, acho que teria que ser uma pessoa com bastante agilidade mental, cultura geral, que levasse a conversa para outros pontos de vista e que, sobretudo, tivesse generosidade. Em televisão é preciso dar tempo às pessoas para poderem contar aquilo que, no minuto antes, nem sequer estavam a pensar em contar.

Estando ligada à televisão há tanto tempo, se, de hoje para amanhã, tivesse de largar tudo para trás e escolher uma nova carreira que não passasse por esse mundo, o que é que faria?
Eu penso que, como desde pequenina sempre tive uma tendência natural para comunicar, talvez agarrasse aqui um dos meus desejos e vontades, que era viajar por todo o mundo, tirar fotografias e escrever sobre as minhas viagens. Portanto, provavelmente fotojornalista, sendo que teria sempre alguma coisa a ver com comunicação. Ou então cinema, artista, música. Enfim, alguma área criativa, certamente.

Ao trabalhar em muita coisa ao mesmo tempo, como marcas, nos programas de televisão, mais cargo de diretora-adjunta, sobra algum tempo para si?
Tem que sobrar, e cabe-me a mim fazer essa gestão do tempo, para ter sempre esse tempo para mim...

E como é que cuida de si própria nesses momentos?
O desporto é fundamental, é a minha terapia diária. Já há muito tempo que o desporto deixou de ser apenas uma questão estética, de imagem, de me sentir bem comigo. Felizmente sinto-me muito bem comigo, há muitos anos, mas passou a ser algo que é uma rotina fundamental para a minha vida. Para além disso, procuro sempre ir tirando todos os dias um bocadinho para mim,seja para meditar, seja para ler, seja para pesquisar, coisa que também me dá muito prazer.

Nisto tudo, ainda é mãe, portanto ainda tem aqui esta questão toda de ter de cuidar de um outro ser.
Esse é o papel da minha vida...

É aí que sente o seu verdadeiro "eu"?
Na minha vida, sou sempre eu, mas em papéis diferentes. O Caetano é a minha vida, portanto o tempo pára quando estou com ele. Aí sim, no papel de mãe, não conseguiria ser mais eu. É humanamente impossível desligar-me desse papel que é tão bonito e tão importante para mim. Nesses momentos que estamos os dois, é tão bom, porque vem uma acalmia e uma tranquilidade que me dão todo o sentido de vida. Eu e o Caetano, agora com 8 anos, temos uma ligação única e maravilhosa. Fazemos muitos programas juntos, viajamos juntos e estou muito grata por isso – poder dar ao meu filho todas essas oportunidades de vivermos momentos únicos, de criarmos memórias. Ser mãe foi algo que me veio realizar muito, de uma forma incomparável, e todos os dias quero sempre ser a minha melhor versão.

Ou seja, quer que ele também se orgulhe de si? Afinal, os filhos também têm de sentir orgulho dos pais.
Sem dúvida alguma. Ele vê como eu me dedico ao trabalho, e falamos sobre isso, sobre a paixão que tenho pelo que faço e porque é que eu tenho.

E ele já tem noção de quem é que é a Ana Rita Clara da televisão?
Bem, eu nunca olho para mim dessa maneira, mas, naturalmente, quando era mais pequeno e as pessoas me abordavam, ele achava muito estranho, não é? Portanto, aos pouquinhos, fui-lhe explicando, mas também sem dar muita importância a isso. A única coisa que o Caetano sabe é que a mãe tem um trabalho em televisão, em comunicação, que o seu trabalho a expõe e que isso depois faz com que também as pessoas queiram falar com a mãe. Sempre, naturalmente, com bastantes reservas no que diz respeito a redes sociais, alertando para todos os perigos que podem existir e, naturalmente, exigindo ao mundo, evidentemente, o direito à privacidade, não é?

ana rita clara
ana rita clara Ana Rita Clara e Caetano no Dubai créditos: Instagram

Como é que define o limite entre aquilo que partilha ou não?
Vou definindo todos os dias, mas penso que [os seguidores] também já me conhecem e que já perceberam que existe uma esfera minha que é pública, do meu trabalho, daquilo que faço e da minha vida privada. Colocarei aquilo que acho que devo fazer e deve existir respeito, porque qualquer figura pública tem direito àquilo que é a sua vida privada e à sua privacidade. Cada pessoa deverá fazê-lo da melhor forma que acha que  o deve fazer. Eu terei a minha forma de encarar as coisas e temos é que respeitar-nos a todos e percebermos que não é naturalmente para uma pessoa estar exposta em trabalho em televisão, que deverá depois estar exposta em outros momentos e em outras áreas da sua vida. 

Há pouco falávamos do orgulho do Caetano. Agora, falemos do seu. Como é que a Ana Rita Clara de há uns anos olharia para esta?
Olharia com muito orgulho, com muita felicidade, orgulhosa de tudo o que tenho construído, mas sempre com a mente no futuro e a encarar que amanhã é um novo dia e que há para construir, para me automotivar e para também impactar. Naturalmente que com toda a honra e o prazer que têm sido todas as oportunidades que tenho vivido, de todo o percurso que tenho feito e os prémios que tenho recebido. Mas acho que, com o passar dos anos, também vamos depois querendo outras coisas. Estamos preparados para outras coisas e os desafios e as ambições que queremos seguir. Portanto, sou muito agarrada também no dia de amanhã, muito agradecida pelo passado. Masé olhar para a frente e para tanto que ainda quero fazer e acredito que este ano vou colocar muitos outros projetos em andamento e apresentá-los a todas as pessoas que me seguem há tantos anos.