Desde que se sagrou Miss Portugal, a 5 de outubro, a jovem de 28 anos tem estado no centro de várias polémicas. Marina Machete é a primeira mulher transgénero a ganhar uma competição deste tipo e, a 18 de novembro, competirá pelo título de Miss Universo. O concurso acontece em El Salvador e estarão presentes representantes de 90 territórios.

Marina Machete. 6 coisas que tem de saber sobre a primeira mulher transgénero eleita Miss Portugal
Marina Machete. 6 coisas que tem de saber sobre a primeira mulher transgénero eleita Miss Portugal
Ver artigo

Indiferente à discussão em torno da sua vitória, a modelo tem aproveitado o mediatismo para promover as causas que lhe são caras, uma das quais os direitos das pessoas que pertencem à comunidade LGBTQ+. Esta terça-feira, 31, Marina Machete visitou as obras de remodelação da casa de acolhimento da Opus Diversidades (instituição anteriormente conhecida como Opus Gay).

Este projeto, que resulta de um protocolo com a Segurança Social, tem como objetivo oferecer um abrigo temporário a "pessoas em situação de desproteção e vulnerabilidade e que necessitem de apoio social" (vítimas de violência doméstica, pessoas em situação de perda ou ausência de autonomia, pessoas sem-abrigo). "Para além destas pessoas, apoiam-se também pessoas migrantes/refugiadas, trabalhadoras do sexo, pessoas trans em processo de transição, etc, na sua maioria pessoas LGBTQI+, mas não exclusivamente", pode ler-se no site da Opus Diversidades.

Na rede social Instagram, a Miss Portugal partilhou algumas imagens das obras desta casa de acolhimento temporário. "Fiquei muito feliz de visitar este projeto da Opus Diversidades, associação que protege e promove a aceitação da diversidade. Este projeto consiste numa casa que abriga de forma inclusiva pessoas cuja orientação sexual ou a identidade de género tornam difícil o seu acesso à habitação ou em situação precária", explicou Marina Megre. .

José Alberto Carvalho pede desculpas por comentário transfóbico sobre Miss Portugal

A 26 de outubro, no seu habitual espaço de comentário na TVI, moderado por José Alberto Carvalho, Miguel Sousa Tavares expressou a sua opinião relativamente à vitória de Marina Megre. O jornalista e escritor considera que Marina não é uma "mulher, mulher", afirma que "as mulheres saíram maltratadas deste concurso". "Não acredito que não haja uma portuguesa em idade de concorrer mais bonita que esta Miss Portugal". Miguel Sousa Tavares diz ainda que quem ganhou o concurso "foi uma operação, ou várias, cirurgia plástica, mais medicina molecular. Porque ela é trans".

A determinada altura do comentário, Miguel Sousa Tavares pergunta a José Alberto Carvalho: "casavas com esta mulher?". O jornalista começa por hesitar na resposta mas, depois, diz sem embaraço e a rir-se. "Não, de todo! E tu também não!". "E eu também não, de maneira nenhuma!", responde Miguel Sousa Tavares.

Na passada segunda-feira, 30 de outubro, José Alberto Carvalho fez um pedido de desculpas em direto no "Jornal Nacional", classificando a sua reação como uma "atitude irrefletida". "Penalizo-me e peço desculpa se algum comportamento meu, ainda que não intencional, possa ter contribuído para isso [sofrimento], em relação a ela, à sua família e aos seus amigos", diz o jornalista da TVI. 

José Alberto Carvalho continua: "independentemente das escolhas que cada um faz na sua vida, creio convictamente que todas as pessoas devem procurar a sua felicidade. Isso é verdade para a Mariana Machete, como é verdade para qualquer um e também para mim. Afirmar uma escolha nossa não é e não deve ser nem mais nem menos importante do que a escolha feita por outro", acrescenta ainda o jornalista, dizendo, ainda que de forma implícita, que ser transgénero é uma escolha.