Os duques de Sussex anunciaram a saída da família real britânica há quase três anos mas o período turbulento em que foram, enquanto casal, membros séniores, continua a fazer correr muita tinta. O "clube dos sobreviventes dos Sussex", assim se apelidam os funcionários do palácio que trabalharam para Meghan e Harry, concecedeu várias entrevistas sob anonimato, reunidas num livro intitulado "The Hidden Power Behind the Crown" ("O poder oculto da coroa") no qual constam revelações pouco abonatórias.
Excertos do livro foram publicados na edição deste domingo, 25 de setembro, no "The Sunday Times" e revelam vários episódios sobre o casal. Os funcionários argumentam que Meghan Markle planeou de forma calculista a renúncia aos deveres oficiais da família real britânica, e alegam que isto aconteceu porque a mulher do príncipe Harry queria "fazer dinheiro" e que a única forma de conseguir era ir para os Estados Unidos, o que seria impossível mantendo o cargo de membro sénior ativo da família real britânica. "Ela queria ser rejeitada porque estava obcecada com essa narrativa desde o início". Meghan, segundo este grupo, foi deixando um rasto de provas, como a queixa formal que apresentou aos Recursos Humanos do Palácio de Buckingham, para demonstrar publicamente a falta de apoio da casa real britânica. Num dos relatos citados, Meghan Markle é descrita como uma "sociopata narcisista".
Samantha Cohen, secretária pessoal dos duques de Sussex entre maio de 2018 e setembro de 2019, e Sara Latham, responsável pelo departamento de comunicação, fazem parte do grupo de ex-funcionários dos duques de Sussex. No livro, pode ser-se que Cohen foi alvo de bullying. "Era como trabalhar com dois adolescentes. Eles eram impossíveis e levaram-na ao limite. Ela estava num estado miserável", diz uma fonte, citada no livro. Meghan Markle já negou estas acusações em 2021, quando um processo foi aberto pelo palácio de Buckingham.
Meghan ameaçou Harry com fim do namoro caso este não fosse tornado público
Em 2018, a duquesa de Sussex ter-se-á queixado de não ser paga para desempenhar as suas funções enquanto membro sénior da casa real. No livro, um funcionário revela que a duquesa terá dito, a propósito da digressão à Austrália: "não acredito que não vou ser paga por isto". Insultar funcionários em reuniões, mudar planos à ultima hora, chamadas fora de horas com insultos e gritos, fazer bullying a funcionárias, levando-as às lágrimas, são algumas das alegações do livro.
A obra insinua também que os duques de Sussex estariam a planear em segredo a saída da casa real. Um relato afirma que a entrevista com Oprah Winfrey, que aconteceu em março, de 2021, foi negociada antes sequer de deixarem de ser membros séniores da família real britânica. Tal terá acontecido durante a digressão do casal ao continente africano, quando a equipa norte-americana dos duques já estaria também a negociar acordos com a Netflix, Apple + e Disney.
O livro, da autoria de Valentine Low, revela ainda que Meghan ameaçou Harry que terminaria a relação se este não anunciasse publicamente o namoro. "Ele estava a passar-se, a dizer 'ela vai acabar comigo'", diz outra fonte. O príncipe assumiu o namoro publicamente em novembro de 2016, quatro meses depois de conhecer a então atriz norte-americana.
Mas o livro, que chega às bancas a 6 de outubro, não faz apenas revelações sobre Meghan. Harry não fica melhor na fotografia e é acusado de insultar uma funcionária da avó. Em causa estava o desejo do casal de conseguir ter acesso a uma tiara da monarca para o casamento, o que foi negado. Harry terá insultado a funcionária que impôs o protocolo de segurança e, por isso, terá recebido uma severa repreensão da rainha Isabel II.
O livro revela ainda as tensões crescente entre o casal e dois membros séniores do staff, Edward Young e Clive Alderton, secretários pessoas da rainha Isabel II e do então príncipe Carlos, com troca de emails "horríveis e malcriados" de Harry para estes funcionários.
O filho mais novo do príncipe Carlos também terá manifestado em diversas ocasiões o seu medo de se tornar "irrelevante", sobretudo quando o príncipe George, na altura terceiro na linha de sucessão ao trono britânico, fizesse 18 anos. "Ele comparava-se ao tio [o príncipe André]. Ele dizia: 'tenho este tempo para causar impacto. Porque posso'". Harry terá também recusado uma reunião com o irmão, William. Esta tentativa de encontro entre os príncipes terá acontecido em 2019 e teria como objetivo uma reaproximação, na sequência de uma reportagem de outubro de 2019, na qual Harry e Meghan manifestavam o seu desapontamento em relação à forma como eram tratados, bem como falta de apoio da família real britânica.